7 Lições de Negócios de La Casa de Papel

Livros que trazem enredos de séries e filmes abordados sob novas óticas ou aplicados em diferentes áreas do conhecimento não são bem uma novidade. Apesar de ainda não ter lido tantos quanto gostaria, já tive contato com vários destes lançamentos. Em certos momentos, obras da sétima arte recebe olhares filosóficos ou até mesmo religiosos. Existe ainda aqueles que apontam na direção das ciências gerencias, com enfoques destinados à liderança, marketing e relacionados. Pois bem, foi assim que encontrei o livro “7 Lições de Negócios de La Casa de Papel” de Fábio Bandeira de Mello.

Lançado em 2018 pela Universo dos Livros, a obra é bem gostosa de ser lida, ainda mais se você for um fã da série “La Casa de Papel”. Me arrisco a dizer que até quem não é tão fã ou desconhece a trupe de assaltantes mascarados, pode tirar bastante proveito dos exemplos e ensinamentos apontados pelo autor. Repleto de sacadas jovens, o livro aborda alguns dos temas mais relevantes quando lidamos com a administração de empresas ou mesmo o empreendedorismo e é dividido em 7 capítulos a saber: liderança, estratégia, negociação, inovação, vendas, marketing e comunicação. Em cada capítulo, o autor recheia o texto com exemplos da série e por muitas vezes fora dela também. Isso faz com que a leitura não fique tão massante, já que o autor consegue conectar as experiências dos personagens da série com outras situações do cotidiano empresarial, que de certo modo, mesmo estando fora tela, são facilmente identificáveis. Por outro lado, se você nunca ouvir falar de La Casa de Papel ou seus personagens, o livro faz um apanhado, citando a personalidade de cada um dos inesquecíveis ladrões, para que, assim o leitor consiga conectar os pontos e se conectar à obra também.

Então, anote aí: o livro é destinado não a apenas aos fãs mas a todos os interessados na temática de gestão de pessoas, administração e marketing.

A sinopse oficial destaca:

La casa de papel, a série de maior sucesso dos últimos tempos, tem mais a ensinar do que você imagina!
Será que um assalto pode influenciar positivamente nossa carreira? Um assalto qualquer certamente não, mas aquele planejado pelo “Professor” de La casa de papel e analisado pelo especialista Fábio Bandeira de Mello mostra ser uma fonte riquíssima para embarcarmos em conceitos e lições extremamente importantes para nossa carreira, como liderança, estratégia, negociação, inovação, vendas, marketing e comunicação.
A série La casa de papel conquistou imenso sucesso com o público brasileiro ao narrar todos os detalhes de um assalto à Casa da Moeda espanhola. Mais do que mero entretenimento, o seriado exibido na Netflix apresenta pontos relevantes sobre a condução de negócios, que se revelam importantes aprendizados a serem colocados em prática. Afinal, quem não gostaria de ter a sagacidade do Professor? A perspicácia de Nairóbi? Ou mesmo a assertividade de Berlim?
Por meio de uma linguagem clara, objetiva e descontraída, o autor traz sete principais lições que evidenciam correlações entre os acontecimentos, o perfil de cada um dos personagens e as ações de negócios utilizadas por profissionais vencedores em seu dia a dia.

O autor cita algumas características que fazem de La Casa de Papel algo interessantíssimo:

“O ritmo que a série tem favorece que você a consuma como quiser, com toda a atenção e de forma muito individualista. É uma série que, no seu DNA, tem o formato de vídeo sob demanda. Um assalto no qual as horas vão sendo marcadas e você tem a sensação de que precisa consumir mais é o produto ideal para se ver assim”, declarou em entrevista ao El País. Álex Pina, criador de La casa de papel, revela que a identificação das pessoas com o problema econômico que atinge vários países é outro fator que contribui para a conexão. “Esses senhores que assaltam a casa da moeda têm um componente quase antissistema que abarca um pouco da decepção com os governos, os bancos centrais… um cansaço que faz com que esses Robin Hood se convertam para muitos em estandartes dessa atmosfera de decepção”, revelou também ao El País.

E se engana aquele que o autor não se preocupou em associar as investidas encontradas na série com os autores renomados da área de gerenciais. Peter Drucker, Daniel Goleman, Philip Kotler, Robert Cialdini, Henry Minteberg, Michael Porter e David Ulrich estão lá, em diversos lugares!

Alguns trechos interessantes:

Para um bom líder, nenhuma informação é inútil. Em algum momento, tudo o que foi agregado pode vir a ser necessário.

Você já deve ter ouvido dizer que há pessoas que nascem para liderar, uma máxima que talvez se aplique a filhos de reis, herdeiros de grandes fortunas e afins. Porém, se você não se encaixa em nenhuma dessas categorias, esqueça essa premissa e adote uma nova referência: O Professor, esse ser misterioso que certamente não deu muita bola para essa história de predestinado na hora de liderar a equipe de criminosos responsável pelo maior e mais ousado roubo da história. Você lembra o que o Professor respondeu quando lhe perguntaram quanto tempo levou planejando tudo? Metade da vida. E, às vezes, isso ainda é pouco para se tornar um líder.

Um líder nasce capaz de aprender sozinho ou aprende sozinho parque já desenvolveu antes a vontade de liderar, à autoconfiança e a inteligência? A maioria dos grandes empreendedores do mundo tem sua curva de aprendizado descolada dos bancos escolares: Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg são exemplos atuais.

Abraham Lincoln é considerado um dos três mais notáveis presidentes da história dos Estados Unidos da América. Seu legado ecoará para sempre na história. E tudo isso se deve em grande parte ao que aprendeu ao longo da vida. Sem estudo formal, tornou-se um advogado de excelência que costumava dizer: “Aprendi tudo sozinho”. Hoje, a habilidade de aprender sozinho começa à ser estimulada. Faça como o Professor e siga esse caminho.

A história mítica de Odisseu é bela e encantadora. Uma fantástica alegoria que pode muito bem representar as lutas diárias de empreendedores, gestores e profissionais responsáveis por grandes realizações. Foi um personagem-chave na Guerra de Troia, mas passaria longe dos holofotes se naquele tempo existissem canais de televisão e redes sociais. Indivíduo retratado como pacato e avesso ao confronto, atuou no conflito como estrategista. Um homem das coxias.

O processo inicial do pensamento estratégico no mundo corporativo envolve um dado interessante: não nasceu na academia e depois chegou ao mercado. É, na verdade, fruto do mercado e prosperou graças a um diálogo permanente entre esses dois ambientes.

Uma estratégia bem feita exige calma, é verdade. Sem o tempo necessário para ponderar e avaliar todas as variáveis, o risco de montar uma armadilha em vez de um plano é grande. Mas não deixe a divagação assumir o controle. Nosso cérebro é mestre em estabelecer conexões infinitas. Quando nos demoramos muito no plano das ideias corremos o risco de nunca sair dele, como as crianças de Caverna do Dragão, que sequer tiveram direito à um último episódio para tentar fugir do reino.

Evitar o conflito, tratar bem os reféns e gerar o mínimo de danos ao longo do processo também faziam parte da lista de objetivos do Professor. Foi desse modo que os assaltantes conquistaram o respeito da maioria dos reféns (unanimidade não existe) e, principalmente, da opinião pública. Com isso, amarraram a possibilidade de ação da polícia e garantiram tempo para produção de muito dinheiro. Como assaltantes comuns agiriam? Entrariam promovendo o terror, não hesitariam em atirar, roubariam uma quantia ínfima se comparada ao volume produzido pelos Dalis do Professor, sairiam pela porta da frente, seriam perseguidos pela polícia, gerariam danos à cidade e acabariam presos ou mortos.

Para os oito assaltantes que invadiram a casa da moeda espanhola, suas experiências prévias foram decisivas para que fossem convocados pelo Professor. No mundo real, graduações, pós-graduações ou mesmo cursos rápidos oferecem um vasto campo para esse tipo de conexão. Em um curso de graduação, por exemplo, as mesmas pessoas que hoje estudam com você podem, em quatro ou cinco anos, estar em algum lugar que conduza a muitas oportunidades. Quando se tala de pós-graduação ou cursos rápidos, esse processo pode ser imediato e não envolve só os alunos. Os professores são fontes riquíssimas de indicações e abertura de portas. Então, por que não tomar uma cerveja, fazer aquela ligação no aniversário e colocar o papo em dia? A ideia não é se tornar um caçador voraz de oportunidades, mas cultivar relacionamentos é sempre positivo e pode trazer grandes surpresas.

Fábio Bandeira de Mello é consultor, palestrante e professor de MBA em Empreendedorismo e Marketing. Foi diretor de assinaturas do Administradores.com – o maior portal de negócios da América Latina – durante nove anos. É CEO do Atletas Brasil, sócio-diretor do Calendar Sport, e atua como palestrante em todo o país nas áreas de Administração, Inovação e Marketing. É mestre em Jornalismo com especialização em Jornalismo Digital, mentor no Startup Weekend e possui centenas de matérias publicadas em diversos veículos midiáticos do Brasil e da América Latina, já tendo conquistado algumas premiações de Jornalismo no país.