Aventura, romance, traição, envenenamentos, bisturis, hidromel, orgias, batalhas e uma dose de aula de história (e medicina) estão presentes no filme “O Físico”. Lançado em 2013 sob o título original de The Physician (vale ressaltar que a tradução correta do título seria “O Médico”), o filme é baseado no livro de mesmo nome, do jornalista americano Noah Gordon. Assim, a adaptação carrega em seu DNA um drama de aventura, ambientado no século 11. O trailer pode ser visto aqui.
O enredo é bastante atraente. Com uma bela fotografia, a história inicia na Europa, Idade Média, em plena Idade das Trevas, no ano é 1021. Rob Cole (interpretado por Tom Payne) vê sua mãe morrer de uma doença misteriosa (aqui chamada de “doença do lado”). Este é o pontapé que faz este garoto inglês (que posterior à morte da mãe, é adotado por um barbeiro-cirurgião (vivido por Stellan Skarsgard) descobrir seu dom no caminho da medicina. Rob, agora órfão, decide assim ir à Pérsia, em uma longa e perigosa viagem com o objetivo de aprender medicina com um sábio, chamado Ibn Sina (interpretado por Ben Kingsley). Entretanto existe um problema: Rob é cristão e a universidade onde um famoso físico leciona só admite muçulmanos. Mas para seguir adiante ele será capaz de tudo, até mesmo deixar sua religião de lado afim de alcançar seu objetivo.
O filme mostra de forma bastante didática, a disputa de poder entre as principais religiões da época: cristãos, judeus, árabes, além, é claro, de demonstrar como cada uma destas diferentes visões se organizavam na época. Até uma epidemia de peste negra tem espaço na história, mostrando como os casos se proliferavam ao mesmo tempo em que eram tratados, bem como o ato de dissecar um cadáver (algo que era proibido no território islâmico), e a descoberta que a “doença do lado” nada mais era que uma apendicite aguda. De modo geral, o exercício da medicina é certamente o tema central da obra, apresentando assim várias curiosidades quanto aos tratamentos medievais nesta área, além dos seus avanços, e ainda traçando um paralelo entre a medicina árabe e a européia. Vale ressaltar ainda que Ibn Sina (Avicena) realmente foi um famoso médico da época que viveu entre os anos de 980 e 1037, sendo o mais importante da Idade Média.
Dois trechos que merecem destaque:
Ibn falando com Cole: “Sucesso entre muitos fracassos é um fardo que devemos carregar quando escolhemos isso”.
Cole, em um dado momento, pergunta a Ibn: “Você alguma vez já duvidou da sua vocação?”. Ibn responde: “Todos os dias eu duvido de manhã e de noite. Nesse meio tempo, eu me esforço para não pensar sobre isso”.
