Foi assim que finalizei uma conversa com uma colega de trabalho, a alguns dias atrás, sobre diretrizes, obediências e escolhas.
A conversa girava em torno do que somos ou não capazes de escolher, de decidir e de acatar. Humanos são humanos por que têm em suas mãos tais possibilidades. Já as máquinas, não.
Tal análise ilustra bem o cenário que lembro ter visto em “O Homem Ideal” (I’m Your Man | Ich bin dein Mensch, no original), produção alemã lançada em 2021. Estreou no 71º Festival Internacional de Cinema de Berlim em março de 2021, tendo sido selecionado como a entrada alemã para o Melhor Longa-Metragem Internacional no 94º Oscar.
Com boas atuações, esta comédia romântica alemã flerta com a ficção científica e o drama de uma forma bastante inteligente e leve, mas nem por isso simplista. Aspectos morais e éticos são levantados, mas tratados de uma forma não tão profunda quanto estaríamos acostumados a ver em outros gêneros que trazem a ciência como motor principal da história. Aqui o fator humano é o elemento principal e, talvez por isso, que o roteiro é tão singelo ao tratar de tais temas.
No longa somos apresentados à Dr. Alma Felser (Maren Eggert), uma cientista coagida a participar de um estudo extraordinário para obter fundos de pesquisa para seu trabalho. Por três semanas, ela deverá viver com um robô humanoide feito sob medida para seu caráter e necessidades, cuja inteligência artificial é projetada para ser o parceiro de vida perfeito para ela. É quando entra em cena, Tom (Dan Stevens), uma máquina em forma humana criada exclusivamente sob medida, para fazê-la feliz. Mas será que é disso que Alma precisa, uma máquina para realizar seus desejos?
Dirigido por Maria Schrader, que também atua no roteiro com Jan Schomburg, o longa traz em seu elenco Maren Eggert, Dan Stevens, Sandra Hüller, Hans Löw, Wolfgang Hübsch, Annika Meier, Falilou Seck, Jürgen Tarrach, Henriette Richter-Röhl e Monika Oschek.
I’m Your Man pode ser entendido como uma fábula ou um conto, divertido e romântico, que questiona o que o amor e a saudade realmente significam para nós na era moderna.
Escolhas, nós ainda as temos. Que não venhamos a nos converter em apenas máquinas. Creio que é bem por aí.
O trailer de O Homem Ideal pode ser visto aqui.