Édipo Rei

Você já deve ter ouvido falar do Complexo de Édipo. O termo foi criado por Freud e inspirado na tragédia grega Édipo Rei e que designa o conjunto de desejos amorosos e hostis que o menino enquanto ainda criança experimenta com relação a sua mãe, e embora seja muito discutido na área da psicologia e psicanálise não é uma teoria cientificamente aceita por carecer de evidências. Destaca ainda que, este suposto fenômeno psíquico também ocorre nas meninas com relação ao pai. A este se dá o nome de Complexo de Electra.

Apresentei inicialmente tais informações pois, de certa medida, o tema se comunica com os narrados na tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles. Édipo Rei (em grego antigo, Οἰδίπους Τύραννος, transl. Oidípous Týrannos: ‘Édipo Tirano’) é, portanto uma peça do teatro grego antigo escrita por Sófocles por volta de 427 a.C. Aristóteles, na sua Poética, considerou a obra de Sófocles como o mais perfeito exemplo de tragédia grega.

Sabe-se que Édipo é certamente uma das mais clássicas tragédias (isso se não for a mais clássica delas). A trama conta a história de Édipo que, ao nascer, seus pais, Jocasta e Laio consultam um oráculo que afirma que seu filho matará o pai e desposará a mãe. Assim, mandam que um criado leve o bebê e deixe-o para morrer. Porém, o bebê acaba por ser encontrado e criado por um casal de outra região. Ao descobrir a maldição, Édipo foge e acaba por encontrar justamente seu pior destino. Como rei de Tebas, casado com Jocasta, Édipo, para tentar livrar a cidade de uma maldição, busca que se encontre a verdade, mas descobre aos poucos aquilo que as profecias do oráculo já haviam anunciado.

A peça – por mexer com temas tabus como o parricídio e o incesto – se torna uma das mais pulsantes histórias vetadas da humanidade, ao mesmo tempo que consegue, ainda hoje, mobilizar o sentimento da catarse – horror e piedade – que purga os sentimentos de todos nós, de algum modo.

A edição que li foi lançada pela Editora  L&PM – Edição de bolso de 1998.

Algumas frases interessantes que aparecem ao longo da história e que merecem menção:

Quem não tem medo de um ato menos medo terá de uma palavra.

Para um homem, não há mais nobre tarefa que ajudar os outros na medida de sua força e de seus recursos.

Censuras minha furiosa obstinação, enquanto não perceber a que habita em ti, e é a mim que a seguir condenas!

Esse dia te fará nascer e morrer ao mesmo tempo.

Como é terrível conhecer, quando o conhecimento não favorece quem o possui!

As desventuras que mais atingem / os homens são aquelas que são escolhidas por eles.

Não conspira quem nada ambiciona.

Rejeitar um amigo legal é na verdade privar-se de uma parte da própria vida, isto é, daquilo que mais se preza.

Um caráter como o teu faz sofrer sobretudo a si mesmo, e é justo que seja assim.

Mas o deus já publicou sua sentença: para o assassino, para o ímpio que sou, é a morte.

Guardemo-nos de chamar um homem feliz, antes que ele tenha transposto o termo de sua vida sem ter conhecido a tristeza.

Sófocles (em grego: Σοφοκλῆς, Sophoklês; 497 ou 496 a.C.- inverno de 406 ou 405 a.C ) foi um dramaturgo grego sendo considerado um dos mais importantes escritores de tragédia ao lado de Ésquilo e Eurípedes, dentre aqueles cujo trabalho sobreviveu. As peças de Sófocles retratam personagens nobres e da realeza. Filho de um rico mercador, Sófocles nasceu em Colono, perto de Atenas, na época do governo de Péricles, o apogeu da cultura helênica. Sófocles morreu com aproximadamente 90 anos, no inverno de 406 ou 405 a.C., tendo visto durante sua vida tanto o triunfo grego nas Guerras Persas como o terrível derramamento de sangue da Guerra do Peloponeso.