O documentário deixa claro que as pessoas são levadas a acreditar que o futuro se resume a uma cultura moderna e consumista, bem como esta cultura é vivida nos países ocidentais. Neste “novo mundo”, a única esperança de futuro para as crianças reside em se conseguir um bom emprego e uma boa qualificação nessa nova economia, mesmo que menos de 10% estejam realmente obtendo o sonhado sucesso e tantos outros estejam se endividando durante o processo. Fica evidente que trata-se de um modelo imposto de educação ocidental. O documentário lança luz sobre temas relacionados à superioridade cultural e que servem de base destes projetos educacionais que buscam, na teoria, auxiliar crianças a conquistar uma melhor qualidade de vida. Por outro lado, este auxílio acaba sendo imposto, enfraquecendo a cultura destes povos que, sem veem reféns da situação e que nesta nova realidade, acabam deixando de lado suas próprias tradições.
Escolarizando o mundo é recheado de belas e acertadas citações de importantes filósofos e libertários, como Mahatma Gandhi, que corroboram positivamente com a temática defendida.
Mais informações sobre a produção podem ser conferidas em http://schoolingtheworld.org. Neste site também é possível assistir o documentário completo.
É fato que a educação é um importante elemento civilizatório e igualmente transformador, seja para o bem ou para o mal. O documentário a todo momento nos lembra do que devemos evitar neste “processo de universalização da educação”. Adicionando um aspecto lúdico nesta reflexão, “Escolarizando o Mundo” se encerra com a música Little Boxes (Caixinhas), de Malvina Reynolds, que ilustra brilhantemente este assunto:
Caixinhas na ladeira / Caixinhas, todas iguais. / Há uma cor-de-rosa e uma verde / E uma azul e uma amarela / E todas elas são feitas de material barato / E todas elas parecem a mesma coisa.
E as pessoas nas casas / Todas foram para a universidade / Onde foram colocadas em caixas / E saíram todas iguais / E há médicos e advogados / E executivos / E são todos feitos de material barato / E todos eles parecem a mesma coisa.
[…]
E todos eles têm crianças bonitas / E as crianças vão à escola / E as crianças vão ao acampamento de verão / E depois para a universidade / Onde são colocadas em caixas / E todas saem a mesma coisa.
E os garotos entram para os negócios / E se casam e criam uma família / Em caixas feitas de material barato / E todas parecem a mesma coisa.