“No que acredito” (What I Believe, no original) de Bertrand Russell, foi publicado em 1925 e traz reflexões sobre o papel e a influência da religião na vida das pessoas. A obra está dividida em cinco capítulos: “A natureza e o homem”, “A vida virtuosa”, “Normas morais”, “Salvação” e “Ciência e felicidade”.
Russell afirma categoricamente que não devemos “respeitar” a natureza, mas sim aprender como ela trabalha de modo a direcionar os seus poderes para fins humanos úteis.” Acima de tudo, o autor tenta dizer o que pensa a respeito do lugar do homem no universo e de suas possibilidades no sentido de obter uma vida plena. Russell esclarece que “exceto na astronomia, a humanidade não conquistou a arte de predizer o futuro; nas relações humanas, podemos constatar a existência de forças que conduzem à felicidade e de outras que conduzem ao infortúnio. Não sabemos qual delas prevalecerá, mas, para agir com sabedoria, devemos estar cientes de ambas.”
Nos momentos finais, o livro traz uma das frases mais célebres de Russell: “A coragem deve ser democratizada antes que possa tornar os homens humanos”. Russell demonstra sua total falta de empatia quanto a regras, doutrinação, policiamento, totalitarismo, enfim, toda e qualquer norma que possa limitar a força do pensamento crítico e os comportamentos humanos.
Bertrand Russell, nasceu em 1872 no País de Gales. É considerado um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos do século XX, conhecido por ser pacifista e ativista social. Declaradamente agnóstico, foi um grande popularizador da filosofia, tratando recorrentemente da vida racional e da criatividade. Recebeu o Nobel de Literatura de 1950, “em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento”. Morreu em 1970, vítima de uma gripe.
Outras citações e comentários do autor que merecem destaque:
“A preocupação da moralidade é com aquilo que o mundo deveria ser, muito mais do que como ele é.”
“A ciência física está se aproximando do estágio em que se tornará completa e, portanto, desinteressante.”
“O medo é a base do dogma religioso, assim como de muitas outras coisas na vida humana. O medo dos seres humanos, individual ou coletivamente, domina muito de nossa vida social, mas é o medo da natureza que dá origem à religião.”
“O otimismo e o pessimismo, na qualidade de filosofias cósmicas, revelam o mesmo humanismo ingênuo; o universo, até onde o conhecemos pela filosofia da natureza, não é bom nem mau, nem se ocupa em nos fazer felizes ou infelizes. Todas essas filosofias nascem da presunção humana e são mais bem corrigidas com um quê de astronomia.”
“A vida virtuosa é aquela inspirada pelo amor e guiada pelo conhecimento.”
“A moralidade atual constitui uma curiosa mistura de utilitarismo e superstição, mas o componente supersticioso exerce uma maior influência, como é natural, uma vez que a superstição é a fonte das normas morais. Originalmente, certos atos eram tidos como desagradáveis aos deuses, sendo, desse modo, proibidos por lei por temer-se que a ira divina pudesse recair sobre toda a comunidade, e não apenas sobre os indivíduos culpados. Daí nasceu a concepção de pecado, como aquilo que desagrada a Deus.”
“O mundo é uma unidade, e o homem que finge viver de maneira independente não passa de um parasita consciente ou inconsciente.”