“A Alegria de Ensinar” é um livro de crônicas do escritor Rubem Alves, publicado originalmente em 1994 e tem como temática principal, a vocação do ato de ensinar, aprendizagem e a vida escolar. A proposta do autor é firmar o real papel de um educador. Assim, Rubem Alves discute vários aspectos do conhecimento e formas de ensinar. Para isso, ele faz uso de inúmeras alegorias e metáforas, além de histórias de infância, afim de deixar claro a importância do educador no processo de aprendizagem. Fica evidente a crítica ao modelo atual de ensino baseado em conteúdos estáticos e decoreba, em detrimento de um ensino dinâmico e que desperte o interesse dos alunos.
Sob a ótica de Rubem Alves, ensinar torna os professores imortais. O professor é aquele que desperta a paixão e a vocação em seus alunos, quando tal vocação ainda está adormecida em suas mentes. Assim como tem o poder de fazer nascer sonhos, tem o poder de matar os mesmos sonhos, antes mesmo destes aflorarem. De qualquer forma, o professor, viverá eternamente nos pensamentos daqueles a quem ensinou. O autor deixa claro que educar deve ser um exercício de alegria. Por diversas vezes, o discurso de Rubem Alves é utópico, se considerarmos o cotidiano que conhecemos de nosso sistema de ensino, seja o público ou o particular. Mesmo assim, não custa sonhar!
Rubem Alves nasceu em Boa Esperança/MG, em 1933. Ex-pastor presbiteriano, formou-se em Teologia e Psicanálise e possui ainda doutorado em Princeton, EUA. Como professor atuou na Unicamp, escreveu para veículos de imprensa e publicou inúmeros livros.
Alguns trechos que merecem ser mencionados:
“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais.”
“O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos.”
“O mestre nasce da exuberância da felicidade. E, por isso mesmo, quando perguntados sobre a sua profissão, os professores deveriam ter coragem para dar a absurda resposta: Sou um pastor da alegria.”
“Basta contemplar os olhos amedrontados das crianças e os seus rostos cheios de ansiedade para compreender que a escola lhes traz sofrimento. O meu palpite é que, se fizer uma pesquisa entre as crianças e os adolescentes sobre as suas experiências de alegria na escola, eles terão muito que falar sobre a amizade e o companheirismo entre eles, mas pouquíssimas serão as referências à alegria de estudar, compreender e aprender. A classe dominante argumentará que o testemunho dos alunos não deve ser levado em consideração. Eles não sabem, ainda… Quem sabe são os professores e os administradores.”
“Se tivéssemos abundância de recursos, é bem possível que acabássemos como o Japão, e nossas escolas se transformassem em máquinas para a produção de formigas disciplinadas e trabalhadoras. Não creio que a excelência funcional do formigueiro seja uma utopia desejável. Não existe evidência alguma de que homens-formiga, notáveis pela sua capacidade de produzir, sejam mais felizes. Parece que o objetivo de produzir cada vez mais, adequado aos interesses de crescimento econômico, não e suficiente para dar um sentido à vida humana.”