A Batalha das Correntes

 A Batalha das Correntes (2017) on IMDb
Tive uma grata surpresa ao assistir “A Batalha das Correntes” (The Current War, Estados Unidos, 2017). O filme tratou, em resumo, da “Guerra das Correntes” ou “Batalha das Correntes”, uma disputa que ocorreu entre Nikola Tesla e Thomas Edison, nas duas últimas décadas do século XIX. Entretanto, na mesma época, havia nesta disputa, um poderoso empresário que também atuou genuinamente: George Westinghouse. Enquanto Edison fazia uma campanha pelo uso da corrente contínua, Tesla e Westinghouse defendiam a corrente alternada. Outros importantes acontecimentos ocorriam simultaneamente e que, de forma direta, influenciavam a escolha da corrente adequada para uso, como é o caso da invenção da cadeira elétrica.

O filme, se passa no final do século XIX e início do século XX, retratando esta disputa sobre como deveria ser feita a distribuição da eletricidade nos EUA. Edison, vivido pelo britânico Benedict Cumberbatch, tem por objetivo levar eletricidade à Manhattan com sua tecnologia de corrente contínua. Porém, em paralelo a isso, o empresário George Westinghouse (Michael Shannon) acredita que a ideia proposta pelo inventor sérvio-americano Nikola Tesla (Nicholas Hoult), é a melhor para se fazer a distribuição de energia. Este defende a corrente alternada. A história, portanto, se desenrola a partir daí.

Em um dado momento da trama, Edison diante de Tesla, expõe toda a sua pouca modéstia em um anúncio que poderia colocar para correr qualquer um que estivesse procurando emprego (como era o caso de Tesla naquele momento): “Aqui fazemos uma invenção menor a cada dois dias e uma invenção revolucionária a cada seis meses. Resolva cinco problemas para os quais ainda não achei solução, e você estará garantido”. Edison demonstram em diversos momentos que não é o tipo de homem que cede facilmente e nem que está disposto ao dividir os seus créditos. Isto fica evidente quando Westinghouse (que tinha recursos para investir) tenta a todo custo aproximar suas “tecnologias”. Edison, por medo, teimosia, excesso de genialidade ou simplesmente por ser alguém irredutível, não acredita que isso uma aproximação com Westinghouse seja possível. Boa parte da trama envolve neste jogo de gato e rato.

Para muitos o verdadeiro pai da eletricidade foi Nikola Tesla. Ofuscado pelos grandes holofotes, Tesla passou seus últimos anos de vida isolado, trabalhando em seu laboratório. Morreu aos 86 anos, sozinho, endividado, no quarto 3327 do Hotel New Yorker em Nova Iorque, sofrendo de alucinações, pobre e considerado louco.

Por se tratar de história baseada em fatos reais, o filme já chama a atenção. A direção ficou a cargo de Alfonso Gomez-Rejon. O elenco conta com Benedict Cumberbatch, Michael Shannon, Nicholas Hoult, Tom Holland e Katherine Waterston. O longa ainda tem como produtores executivos Martin Scorsese e o próprio Benedict Cumberbatch. O trailer pode ser conferido aqui.

Dois trechos que merecem destaque:

Nikola Tesla: “Construímos monumentos para que o futuro saiba que estivemos aqui, que vivemos. Um legado verdadeiro não é algo que construímos nas alturas ou esculpimos na pedra. As rochas sucumbirão, os papéis se desintegrarão e os ossos se tornarão pó. Só as coisas que não são materiais e alcançam direções opostas podem ser eternas. As nossas ideias… são tudo o que deixamos para trás. E só elas podem nos fazer progredir.”

Edison fala para Westinghouse: “Cercas são uma criação ímpar, não acha? O seu vizinho bota uma cerca, divide o espaço ao meio e você também passa a ter uma cerca. Só tem um problema. A pessoa de um lado da cerca a projetou, a construiu, pagou por ela, e a outra pessoa recebeu uma bela cerca gratuitamente.” Westinghouse responde: “Creio que a solução seja dividir os custos da cerca ou não construir cerca nenhuma. Seu jardim seria duas vezes maior, não seria, Tom?”.