Apesar de ter iniciado os episódios em novembro, finalizei a série em janeiro deste ano. O que pude perceber?! Polêmica pura, se levarmos em conta a sociedade que vivemos. Mas porque digo isso? Por um motivo relativamente simples: relacionamentos afetivos com idades muitos diferentes ainda são um tabu em nossa sociedade ocidental, ainda mais se forem construídos em um ambiente educacional (na escola, por exemplo). No oriente, bem como em períodos mais antigos da história, a realidade já foi outra. Nestes períodos, o relacionamento envolvendo tutor (professor) e aluno era considerada inclusive uma prática pedagógica (vide a história socrática grega, mais especificamente na educação dos jovens atenienses, onde se esperava que os adolescentes aceitassem a amizade e os laços de amor com homens mais velhos, para absorver suas virtudes e seus conhecimentos de filosofia). Obviamente não dá nem pra comparar os períodos, já que atualmente tal atitude inclusive fere o código de ética de certos estabelecimentos de ensino (e neste caso, é justamente o que ocorre na série). Então, que fique claro, que vivemos novos tempos, com novas regras (ainda que mesmo antigamente tão possibilidade de relacionamento já era algo difícil de engolir, pelo menos com a mentalidade que temos atualmente).
A história por trás de A Teacher (tanto o filme de 2013 quanto a minissérie) mesmo não sendo diretamente baseada em uma história real conhecida (até mesmo porque devem existir inúmeros casos assim – apenas não são documentados), acabou desenvolvendo um drama que se tornou realidade. Em 2015, uma mentora maior de idade ficou grávida de um menino de 13 anos, sendo condenada em 2017 a 10 anos de prisão. O juiz Michael McSpadden, responsável pelo caso neste período, chegou inclusive a dizer que a condenação deveria servir de exemplo, já que, segundo ele, a ilegalidade costuma ocorrer frequentemente nos Estados Unidos. Então, é de se esperar que outros casos como esse, estejam escondidos nas sombras das instituições escolares.
Quanto à minissérie A Teacher, a trama nos apresenta Claire Wilson (Kate Mara), a mais recente professora de inglês da Westerbrook High School. Claire está insatisfeita com o seu casamento que vem desde a faculdade com Matt Mitchell (Ashley Zukerman), distante do irmão, Nate Wilson (Adam David Thompson) e desesperada para criar ligações afetivas, torna-se rapidamente amiga de uma colega, a professora Kathryn Sanders (Marielle Scott). Paralelo a isso, Claire tem seu mundo virado ao avesso quando quando Eric Walker (Nick Robinson), um jovem e charmoso aluno do último ano da sua turma de inglês, lhe pede ajuda para se preparar para o teste de admissão à faculdade, um sonho que ele deseja realizar. Eric é popular e extrovertido, capitão da equipe de futebol e vive rodeado de seu amigos, Logan Davis (Shane Harper) e Josh Smith (Dylan Schmid). A linha que separa o profissionalismo e a ética é ultrapassada por Claire e Nick sendo construído aí um relacionamento sexual e ilegal. A trama segue monstrando as consequências desse romance proibido na vida dos dois.
Um detalhe interessante que merece menção refere-se a um informe, na forma de aviso, incluído pela produção e que pode ser visto ao final de cada episódio: “Se você ou alguém precisa de ajuda, saiba que não está sozinho”. O canal FX, em parceria com a organização RAINN (singla em inglês para Rede Nacional de Estupro, Abuso e Incesto), lançou inclusive um vídeo institucional, com a atriz Kate Mara, protagonista da série, alertando o posicionamento da produção. “Não está certo para um adulto usar sua relação de autoridade para manipular alguém mais jovem e ter relações sexuais”, informou Kate Mara. Vale ressaltar ainda que na vida real, Kate Mara tem 37 e Nick Robinson, 25 (ambos protagonistas da série). O vídeo pode ser visto aqui.
O elenco é formado por Kate Mara, Nick Robinson, Ashley Zukerman, Shane Harper, Marielle Scott, Dylan Schmid, Adam David Thompson, Jana Peck, Rya Ingrid Kihlstedt, Cameron Moulène, Camila Perez, Ciara Quinn Bravo, Charlie Zeltzer e M. C. Gainey.