Livros que aliam humor e autoajuda (ou outro nome que você queira dar a esse gênero) nem sempre acertam em cheio como Bruno Motta consegui em “Aprenda a rir de si mesmo (é o que os outros já estão fazendo)”. Com uma linguagem atual, leve e repleto de exemplos cotidianos, aborda temáticas complexas mas imerso no bom humor (mesmo que o nosso cotidiano não ajude tanto assim).
Lançado em 2020 pela Editora Planeta, é divertido e inteligente sem ser simplista. Pessoalmente fiz a leitura da obra em um fôlego só, como já de costume. Eu diria porém que, se fosse uma leitura cansativa, não daria conta. O que não foi o caso. Justamente por trazer uma linguagem mais ‘light’ para problemas da vida, não é necessário esperar 356 dias para completar a leitura.
Repleto de sarcasmo e ironia e, mesmo com o título apontando para o óbvio, admito que não é tão simples aprender a rir de si mesmo, ainda mais nas circunstâncias atuais em que vivemos, seja pela economia, pelo governo e pelas dificuldades inerentes ao ato de viver. Mas a obra vai na direção de nos apresentar algumas obviedades por vezes importantes. Talvez por isso sua leitura seja tão prazerosa (e necessária para certos momentos). Vale a leitura, acredite!
O prefácio (de Fábio Porchat) já evidencia o que está por vir:
A verdade é que nesse momento tem alguém rindo de você. Não é com você, não é porque você fez alguma coisa engraçada (voluntariamente) ou porque você é uma pessoa fofa. É porque todos nós somos risíveis. Somos ridículos do nosso próprio jeito. Somos pessoas e pessoas são estranhas. Talvez você seja um pouco mais? Talvez. Talvez você se destaque nesse mundo de pessoas “curiosas”, digamos assim? Talvez. Por isso só há um jeito para vencê-los: se adiantando a eles. Rir de si mesmo é ter a ideia primeiro. E quem tem a ideia primeiro é quem dita as regras. Dite você as regras da sua esquisitice. Veja o Bruno Motta, por exemplo, eu poderia chamá-lo de tantas coisas para humilhá-lo, para destruir a sua vida, para mostrar o quanto ele é insignificante, o quanto ele é irritante, o quanto ele é malvisto pelos seus, quão triste é a sua figura, quão ruim é este livro, mas ele, esperto como um gafanhoto, já se adiantou e disse tudo isso de si mesmo. O que me resta? Dizer que ele é ótimo, porque tudo de ruim sobre ele, ele mesmo disse de si.
Bruno, você é hilário. (Como é difícil ser irônico por escrito).
A Introdução consegue, igualmente, nos inserir onde o autor deseja
Eu nasci sem saber fazer basicamente nada, fora chorar e respirar (que, de certa forma, faz parte do choro. Experimente chorar sem respirar), e sempre imaginei que um pequeno manual de instruções para a vida ajudaria muito. Talvez ele começasse assim:
Parabéns e bem-vindo à sua vida! Acreditamos que você esteja satisfeito com o seu corpo humano, um modelo avançado que veio para corrigir os problemas encontrados em edições anteriores, como no macaco, no peixe e no vírus. Como é um item de fácil utilização, neste momento você já deve ter experimentando algumas das funções disponíveis, mas aqui está o que se pode fazer naqueles momentos em que nada mais resolve.
Atenção: Depois de alguns anos de uso, pode ser que ao aprender uma coisa nova você esqueça uma coisa anterior. Nós avisamos, embora você provavelmente vá se esquecer de ter lido este parágrafo. Divirta-se!
A sinopse oficial informa:
Um guia poderoso e definitivo para todos os dias do ano!
Aprenda a rir de si mesmo (é o que os outros já estão fazendo) é uma leitura diária, prática e divertida. Em um mundo onde tudo agora é “coach” é indicado para otimistas incorrigíveis ou pessimistas esperançosos e pode ser administrado em usuários de #gratidão sem contraindicações, não apresentando nenhum efeito colateral em quem manda figurinhas de bom-dia ou mensagens de áudio com mais de 2 minutos.
São mais de 365 pílulas para te colocar na real e deixar as expectativas de lado. Assim como uma vacina, a ideia é fortalecer o espírito com a dose certa de realidade – mas aplicada com bom humor. Se a vida se divide entre pagar boletos e pagar micos, é possível leva-lá com mais leveza e humor! Rir de você mesmo é o primeiro passo, acredite! É o que todos os outros já estão fazendo.
Algumas frases interessantes (e engraçadas) encontradas na obra:
A vida se divide em pagar boletos e pagar micos.
Se você acha que pode, você está certo. Se você acha que não pode, você está certo. Se você não acha nada, você é um gênio.
Antigamente, o Estado era laico. Hoje, o Estado é like.
Não desista: cão que larga não morde.
De médico e de louco todo o Google tem um pouco.
Nunca desista, a não ser que você queira desistir, aí desista disso.
Plante uma árvore. Escreva um livro. Derrube a árvore para publicar o livro.
Melhor do que reinar no inferno e servir no céu é não morrer.
Não precisa duvidar da existência de vida inteligente fora da Terra, duvide por aqui mesmo.
Dê tempo ao tempo. Às vezes, o fracasso só está atrasado.
Bruno Motta é um dos mais premiados humoristas da sua geração e fenômeno na internet com mais de 40 milhões de acessos. Já foi redator da TV Globo, comentarista de humor no Jornal da Record News e Notícias da Manhã no SBT. É um dos autores do fenômeno Furo MTV, da extinta MTV, onde também foi repórter e colunista. Nessa atual ‘vibe’ tornou-se comediante stand up e na web é o apresentador dos projetos Diário Semanal e Improvável, além de estrelar “1 Milhão de Anos em 1 Hora”, uma versão brasileira da montagem da Broadway “Long Story Short”, de C. Quinn e Jerry Seinfeld. Aprenda a rir de si mesmo é o seu primeiro livro de verdade lançado no mundo real e não apenas na sua imaginação.