Filmes que conseguem tratar de enredos religiosos sem cair no mesmismo são novidade e “Calvário” (Calvary, 2014) é uma delas. Talvez porque não é bem o tema religioso que é o elemento focal da trama, mas sim a desilusão humana, a falta de esperança, a dor, os vícios e isso tudo em um cenário que nos presenteia visualmente com o exato oposto. Na verdade, temas tabus com o suicídio e a pedofilia em si são tratados aqui de maneira secundária. O desconforto, acredite, virá por outros motivos. O diretor e roteirista John Michael McDonagh soube fazer uma direção fenomenal, com uma fotografia magnífica, ambientada na Irlanda e Reino Unido. O elenco conta com Brendan Gleeson, Chris O’Dowd, Kelly Reilly, Aidan Gillen, Isaach de Bankole, Dylan Moran e Orla O’Rourke. O trailer pode ser assistido
aqui.
O enredo nos apresenta Padre James (Brendan Gleeson), um sacristão genuinamente honesto, que, em um certo domingo, durante uma confissão, recebe um ultimato que mudará sua vida. Estava ali, no confessionário, alguém que friamente anuncia que irá matá-lo daí a sete dias (no próximo domingo). É a partir aí que começa o calvário de Padre James que dia após dia vê a possibilidade de sua morte se tornar real mesmo sendo inocente.
Trata-se portanto de um filme profundo e justamente por carregar uma narrativa densa e temas complexos, o desenrolar da história pode se para alguns algo cansativo e arrastado. Entretanto, para aqueles que querem ver boas atuações, o filme é um belo presente e uma rara oportunidade de nos fazer refletir.