Em cada parte do mundo existe “um certo” e “um errado” para certas ocasiões. O cotidiano da América não é o mesmo da China, Irã ou Mongólia. Os hábitos e costumes da Espanha não são os mesmos da África do Sul, Índia ou Etiópia. Tal dinâmica cultural influencia diretamente na educação dos pequenos. Os pais, por vezes, se veem perdidos nisso tudo, afinal, muitos deles também estão aprendendo a ser pais.
Polêmico e controverso em diversos aspectos, o drama “Capitão Fantástico” (Captain Fantastic, no original), produção estadunidense de 2016 consegue, de uma forma brilhante, nos colocar diante de tais questões. Misturando ainda comédia com aventura em um clima de “road movie”, o longa tem a direção e roteiro de Matt Ross e
A trama nos coloca em meio à floresta do Noroste Pacífico dos EUA. Lá, isolado da sociedade, o devoto pai Ben Cash (Viggo Mortensen) dedica sua vida a transformar seus seis jovens filhos Bodevan (George MacKay), Kielyr (Samantha Isler), Vespyr (Annalise Basso), Rellian (Nicholas Hamilton), Zaja (Shree Crooks) e Nai (Charlie Shotwell) em adultos extraordinários. Eles aprendem filosofia, sociologia e são preparadas diariamente para a sobrevivência na floresta e em condições adversas. Por outro lado, não tem qualquer convívio social, afinal o foco familiar é torná-los auto suficientes, enquanto caçam, praticam exercícios desafiadores, debatem temas profundos e leem livros clássicos. Mas, quando uma tragédia atinge a família, eles são forçados a deixar seu mundo (de utopia) para iniciar uma jornada pelo mundo exterior – um mundo que desafia a ideia do que realmente é ser pai e traz à tona tudo o que ele os ensinou.
O elenco é estrelado por Viggo Mortensen, George MacKay, Samantha Isler, Annalise Basso, Nicholas Hamilton, Shree Crooks, Charlie Shotwell, Kathryn Hahn, Trin Miller, Steve Zahn, Elijah Stevenson, Teddy Van Ee, Erin Moriarty, Missi Pyle, Frank Langella e Ann Dowd.
Com diversos pontos a serem destacados (como as várias citações ligadas à Noam Chomsky), além de aspectos históricos, políticos e de sociedade, o enredo é encantador. A trilha sonora também não fica pra traz e certamente agradará a muitos!
Aplaudido de pé durante dez minutos em Cannes, pode-se dizer que “Capitão Fantástico” é leve (mesmo ao tratar de temas complexos), inspirador, sensível e altamente reflexivo. Ele já foi indicado ao Oscar, Bafta e ao Globo de Ouro de Melhor Ator. O trailer pode ser visto aqui.