Free Guy: Assumindo o Controle

 Free Guy: Assumindo o Controle (2021) on IMDb
Quem não gosta do bom e velho videogame que atire a primeira pedra. Eu diria que não é fácil encontrar um adulto de hoje que, no passado, não tenha ao menos visto ou experimentado uma partida de fliperama. Os mais abastados claro, no passado tinha o seu próprio videogame que ficava na sala ou em seus quartos, mas a maioria vivia era na casa dos colegas e amigos da rua, participando de campeonatos criados ali mesmo ou ainda nas ‘locadoras’ que tinham televisores e videogames, locando diversos jogos por hora. Assim, qualquer moedinha que sobrasse era cuidadosamente guardada para que depois pudesse ‘financiar’ algumas horas de diversão. Hoje, com a popularização dos consoles e também dos dispositivos móveis (com o seu alto poder de processamento), tais ‘partidas’ ou mesmo a diversão junto dos amigos, se transportou para o mundo online. Lá, os amigos, conhecidos (e desconhecidos) se encontram para ‘partidas’. No passado não era assim, sequer haviam jogos online, quem dirá acesso disponível e popular para navegar na Internet. Diga-se de passagem, que a Internet não era um lugar para diversão e sim para estudos e pesquisa e em seguida, negócios. E os populares MMORPG? Bem, eles sequer existiam.

“Free Guy: Assumindo o Controle” (Free Guy, no original), produção estadunidense de 2021, nos transporta para esse mundo ‘virtual’, com uma premissa pra lá de interessante. O longa consegue ser divertido, bobo às vezes, mas ao mesmo tempo sério e que passa uma mensagem bacana, a partir do seu próprio título no Brasil. O argumento ‘assumindo o controle’ faz analogia ao controle do videogame mas ao mesmo tempo refere-se ao controle da própria sua própria vida, algo que anda em baixa em alguns lugares. Nos deixamos ser levados, conduzidos, manipulados, usados, para depois sermos descartados. E mais: em certos momentos também não nos importamos em reiniciar este ciclo, às vezes de forma dependente e consciente e outras vezes inconscientemente.

Em Free Guy, conhecemos Guy (Ryan Reynolds), um caixa de banco preso a uma entediante rotina. Todas as manhãs Guy acorda e repetidamente de forma cíclica, segue sua vida. Entretanto, certa manhã, Guy repara que em seu caminho existe uma pessoa diferente, que ele nunca havia reparado. A tal mulher que atende pelo nome de Molotova Girl (Jodi Comer) chama a atenção de Guy que passa a querer saber mais sobre ela. Guy usa óculos escuros e isso aguça ainda mais a curiosidade de Guy, pois, para o povo de Free City (a cidade onde o filme se passa), aqueles que usam óculos escuros são considerados super-heróis. É quando tudo vira de cabeça para baixo, pois Guy descobre que ele é na verdade um NPC (non-playable character), um personagem de um jogo interativo. A partir daí, nosso protagonista precisará aceitar sua realidade e lidar com o fato de que ele pode ser o único que pode salvar o [seu] mundo.

O que dizer de Ryan Reynolds? Ele está impecável, como sempre. Com sua versatilidade e um viés pra lá de divertido, consegue roubar a cena em todos os momentos. São tantas referências que fica difícil até citar, algumas relacionadas a games (como Halo, Red Dead Redemption, Half-Life, Fortnite), filmes (Vingadores, Star Wars), personagens (Hulk, Capitão América) e muito mais! O carisma de Reynolds consegue contagiar o expectador que, no fim, estará lá torcendo pelo protagonista. E sim, é impossível não olhar para a tela e não ver o Deadpool.

Curiosamente, a equipe de marketing de Free Guy criou pôsteres de paródia no estilo de outros videogames, incluindo Super Mario 64, Minecraft, Between Us, Grand Theft Auto: Vice City, Mega Man, Street Fighter II, Doom e Animal Crossing: New Horizons. Como não gostar de filme desses, me diz?!

No fim, a mensagem que fica é clara: em sua vida, não seja um NPC. Ah, e se você não entendeu direito o que é um NPC, assista o filme que tudo ficará claro!

Dirigido por Shawn Levy, com roteiro de Matt Lieberman, Zak Penn, o elenco traz Ryan Reynolds, Jodie Comer, Joe Keery, Lil Rel Howery, Utkarsh Ambudkar, Taika Waititi, Britne Oldford, Camille Kostek, Matty Cardarople, Channing Tatum e Mike Devine.

Dá para perceber o quanto o filme é divertido e envolvente já a partir do trailer, que pode ser visto aqui.