Geração Z: Quem são e como se comportam os jovens nascidos na era digital

Lançado em 2020, o livro “Geração Z: Quem são e como se comportam os jovens nascidos na era digital” da psicóloga Simone Emmanuel consegue de maneira leve e clara apresentar características e destalhes sobre a esta geração que dentro de um mundo imerso em computadores e tecnologia.

Você que está lendo isso pode até achar que isso é pura besteira, mas imagine só: talvez você tenha nascido em um tempo em que computadores ainda eram novidade e objeto de desejo. Poucos moradores de uma cidade talvez tinham um em casa. Celulares, bem? Não haviam celulares. O telefone era da vizinha rica do fim da rua. Muitos de nós caminhamos por esse processo até termos o que temos hoje. Mas muitos não passaram por isso. Como seria a cabeça de um jovem que hoje respira bits e bytes através de conexões, em um mundo sem nada disso?! Curioso, não?

O tema é bastante salutar e importante, ainda mais que estes indivíduos está na crista da onda! Afinal, a geração Z foi a primeira que nasceu num ambiente completamente digital. São aqueles que nasceram entre o fim da década de 1990 e 2010. Talvez o aspecto mais marcante dessa geração é a sua íntima relação com a tecnologia e com o meio digital, já que ela nasceu no momento de maior expansão tecnológica proporcionada pela popularização da internet.

Claro que, por se tratar de uma obra direcionada ao público em geral, seu enfoque é mais generalista e superficial. Se o foco fosse a área da saúde, certamente contaria com uma riqueza maior de detalhes. Então, não espere um livro de 300 páginas sobre um tema específico. Aqui, a psicóloga consegue facilmente em poucas linhas apresentar as diversas gerações (X, Y, Z, por exemplo), mostrando suas diferenças e contextualizando com o que temos a nossa volta. Assim, jovens e adultos se sentirão bastante confortáveis com a leitura (que, por sinal, pode ser finalizadas em poucos minutos – o livro conta com poucas páginas).

A apresentação da obra, que em diversos momentos flerta com a sociologia, uma vez que o estudo destas gerações está atualmente mais na alça da estudos sociológicos, dá uma geral no que o leitor encontrará nas páginas seguintes:

Essa geração nasceu junto com os computadores. Desde pequenos já foram familiarizados com o modo operante dos meios digitais e puderam acompanhar toda modernização dos aparatos eletrônicos. Já possuem no seu “DNA” as grandes mudanças de comportamento e relacionamento trazidos pela era tecnológica.

A necessidade de aprovação de terceiros, de expor a imagem perfeita, de ser reconhecido pelo próximo, de mostrar felicidade constante faz com que a vida nas redes sociais se afaste cada vez mais da realidade. Vidas forjadas em troca de curtidas e comentários, mas que por trás da cortina revelam uma realidade bem diferente da mostrada.

A exposição virtual constante e toda a facilidade de produção de conteúdos inautênticos, as chamadas “fake news” são questões de extrema urgência a serem discutidas e entendidas. Os linchamentos online por meio da cultura do “cancelamento” são reais e crescentes no mundo digital. Nos mostram o retrato do comportamento humano pelo viés da rede computadores.

Este livro é um convite a adentrar no mundo da geração Z e a relevância de explorar o tema se mostra no fato que eles são nosso futuro. São os futuros pais, empresários, professores, políticos e basicamente quem vai ditar o mundo daqui a alguns anos.

Mais informações sobre a obra e contato com a autora pode ser feitos através de seu site em https://simoneemmanuel.com.br/produto/geracao-z/.

O livro traz um breve estudo das diversas gerações, destaca o aspecto de estar “conectado”, trata da exposição virtual, caminha sobre temas como a comunicação, mídia e informação até falar da solidão na Geração Z e os impactos psicológicos disso tudo.

Alguns trechos interessantes da obra e que merecem ser mencionados:

Os nascidos após 1995 sempre usufruíram da internet em suas vidas. Tiveram a possibilidade e oportunidade de utilizarem um mundo de opções tecnológicas de forma precoce e presente. Obtiveram a informação e entretenimento que o mundo digital pode fornecer, de forma facilitada e natural. Se acostumaram com os aparelhos como ferramentas utilizadas a todo momento e transformaram esses aparelhos em uma extensão de suas vidas. Nunca tiveram que recorrer às enciclopédias como fonte de pesquisa e tampouco tiveram que ser tão criativos nos tempos ociosos, pois suas opções de jogos virtuais e redes sociais sempre puderam estar presentes. É sobre esse grupo de pessoas que abordaremos neste livro: a chamada geração Z.

A realidade é que, embora não haja equilíbrio mundial na prevalência do uso da internet no mundo, existe uma população extremamente ampla, que forma uma robusta sociedade cibernética na qual vive a realidade e as questões sociais e psicológicas surgidas nesse contexto. Grande parte dessa parcela faz parte da geração Z. Eles são o nosso futuro. São os futuros pais, empresários, professores, políticos e basicamente quem vai ditar o mundo daqui uns anos. Para onde estamos indo? Quais mudanças acontecerão? Quais paradigmas serão quebrados? A realidade das gerações nascidas em berço tecnológico é de rotina diária inteiramente ligada à conexão virtual. O aparato tecnológico se transformou em uma extensão do próprio corpo, que é capaz de fornecer uma gama de possibilidades ao portador, como entretenimento, informação, comunicação e assim uma autonomia que gera profunda dependência.

A fábrica de ilusões da vida exibida em alguns perfis das redes sociais na internet reforçam a sensação de que a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa; que nós poderíamos estar onde não estamos, fazer o que não fazemos, comprar o que não precisamos. A necessidade de aprovação de terceiros, da imagem perfeita, de ser reconhecido, da felicidade constante, faz com que a vida na rede social se afaste cada vez mais da realidade. Vidas forjadas em troca de curtidas e comentários, mas que por trás da cortina impera uma realidade bem diferente da mostrada. No final das contas, será que o vazio de uma vida cheia de felicidade inventada vale a pena? Teria a felicidade se tornado uma obrigação? É impossível ser feliz o tempo inteiro, isso todo mundo sabe. Todos nós passamos por aborrecimentos, frustrações, desânimo, tristeza. Mas, nas redes sociais, isso quase nunca é evidenciado.

A solidão é um sentimento de desconexão, que pode afetar muito a vida dos seres humanos. O vínculo é necessário e essencial para criar uma cadeia afetiva onde a pessoa se sinta pertencida. Isso colabora com sua percepção do mundo, sua felicidade e com o estabelecimento de objetivos e propósitos na sua própria existência. A sensação de vazio e isolamento torna-se extremamente impactante na vida social, cognitiva e comportamental, podendo gerar graves distúrbios psicológicos e físicos. O convívio social favorece a interação, a troca de experiências e a promoção da sensação de bem-estar. Em tempos em que as redes sociais aproximam pessoas distantes, também favorecem o afastamento de quem vive próximo.

Simone Emmanuel é natural do Rio de Janeiro e formada em Psicologia (CRP 05/60806), com ênfase em Terapia Cognitivo-comportamental. Participante do grupo de iniciação científica da Universidade, desenvolvendo pesquisa no campo do Transtorno do Espectro Autista. Autora do artigo “O sentimento de solidão na contemporaneidade e sua relação com a tecnologia”, atualmente objeto de desenvolvimento no instituto DELETE, no IPUB da UFRJ. Especialista em Transtorno do Espectro Autista pelo CBI of Miami e em Psicologia do Trânsito pela Universidade Cândido Mendes. No presente momento, parte integrante da turma de especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental, direcionada a crianças e adolescentes, da PUC-Rio.