Repleto de ironia e sátira, o “Guia Politicamente Incorreto da Filosofia” de Luiz Felipe Pondé vem nos apresentar uma crítica sadia sobre nossa sociedade, tratando não apenas da filosofia em si, mas também lançando luz sobre nossos comportamentos, ao mesmo tempo que analisa e desbrava a história do politicamente correto. Para isso, o autor faz uso e utiliza-se do pensamento de grandes filósofos, como Maquiavel, Tocqueville, Rousseau, Platão, Ayn Rand, Nietzsche, e vários outros. A obra é dividida por temas, formando curtos ensaios, e em cada um deles, o autor aponta conceitos defendidos por grandes filósofos do mundo inteiro, abordando assim assuntos como a aristocracia do mundo atual, religião, mulheres, hipocrisia, felicidade, preconceito, capitalismo, instintos humanos e covardia.
Corajoso como Pondé tem o hábito de ser, o livro lançado em 2012 aborda com seu tom ácido e com todas as letras que a sociedade está ficando frouxa, narcisista, hipócrita e infantilizada. Um outro ponto que merece ser esclarecido é o objetivo da obra claramente não é ser profunda em suas discussões. Justamente por isso, alguns leitores podem ter a impressão de ser um livro que trata de assuntos complexos de forma rasa e simplória. Por vezes, a linguagem utilizada por Pondé vem com um tom de desabafo e permeado de duras críticas.
Luiz Felipe Pondé é filósofo, doutor em Filosofia Moderna pela USP/Universidade de Paris e pós-doutor pela Universidade de Tel Aviv, Israel, professor da PUC-SP e da FAAP. É colunista da Folha de S.Paulo e autor de diversos livros.
A seguir destaco algumas frases encontradas na obra:
“A sensibilidade democrática odeia esta verdade: os homens não são iguais, e os poucos melhores sempre carregaram a humanidade nas costas.”
“Uma das maiores besteiras em educação é dizer que todos os alunos são iguais em capacidade de produzir e receber conhecimento.”
“Basicamente, o mundo sempre foi mau e continuará a ser, porque ele é fruto do comportamento humano, que parece ter certos pressupostos naturais.”
“O aristoi sofre muito mais do que o homem comum. É mais solitário, objeto de inveja e ódio, entende muito mais das coisas do que a maioria mediana, enfim, está muito longe da ideia de que os “melhores” são aproveitadores dos outros, pelo contrário, os outros vivem graças a estes (a “grande alma” do Aristóteles).”
“Outra característica problemática da democracia é sua vocação tagarela, como dizia o conde de Tocqueville. Nela, as pessoas são estimuladas a ter opinião sobre tudo, e a afirmação de que todos os homens são guais (quando a igualdade deve ser apenas perante um tribunal) leva as pessoas mais idiotas a assumir que são capazes de opinar sobre tudo.”
“… a democracia sempre dá a vitória aos idiotas porque são a massa.”
“O indivíduo verdadeiro sofre a perseguição mais descarada, porque ele sim vive a dureza de ter uma personalidade ativa e por isso mesmo acaba sendo um cético com relação às promessas de autonomia para as massas.”
“Os idiotas românticos de hoje em dia esquecem que câncer é tão natural quanto passarinhos e pensa que a natureza seja apenas os passarinhos.”
“Na Idade Média, a natureza humana era basicamente pensada em termos teológicos: somos como nossos pais Adão e Eva, orgulhosos, viciados em sexo, mentirosos, invejosos e outras coisas óbvias que todo mundo sabe que é verdade, mesmo que Adão e Eva nunca tenham existido.”
“Somos basicamente covardes porque a vida é basicamente infeliz.”
“Ninguém é capaz de tanto amor; amamos, quando muito, nossos familiares (e olhe lá) e umas duas ou três pessoas a mais.”
“A ideia de que qualquer coisa que venha do povo é boa é absurda. Além do mais, a maior parte do povo é idiota porque a maioria é sempre idiota e infantil.”