Com a produção de Álex de la Iglesia, a “Jaula” (Jaula, no original), lançamento de 2022, se desenrola como um thriller psicológico que desperta inúmeras reflexões a quem assiste. Primeiro que a narrativa levanta um assunto bastante delicado e que merece atenção: a adoção tardia ou ainda o apadrinhamento afetivo. Estas duas vertentes que se comunicam com o tema “adoção” vem ganhando destaque e, aqui, diante da tela, nos deparamos com uma situação que pode, sim, ocorrer. As dificuldades do relacionamento, a construção da proximidade e também os atropelos, erros e acertos do processos vão sendo apresentados.
Em Jaula, conhecemos Paula (Elena Anaya), uma mulher de 42 anos de idade e seu marido (Pablo Molinero) que, ao voltar de carro de um jantar, se deparam com Clara (Eva Tennear), uma criança indefesa e frágil vagando sozinha pela estrada. O casal a leva para o hospital para cuidados médicos e pouco a pouco vão se aproximando da criança. Duas semanas depois, após constatarem que ninguém procurou pela menina, o casal decide levá-la temporariamente para sua casa e, assim, na esperança de levar mais alegria para a vida a dois. Esta tarefa, porém, não será fácil, já que a menina vive obcecada com a fantasia de um monstro que a castigará caso ela saia de um quadrado de giz pintado no chão. Após o forte vínculo que ambos criam, Paula iniciará uma jornada por caminhos sombrios para tentar desvendar o enigma do passado da garota.
Quanto à história em que o filme se inspirou, trata-se de um caso muito conhecido na Europa, e que, acaba por ter diversas semelhanças com certas partes do filme. Durante 24 anos, Josef Fritzl teria mantido a própria filha, Elisabeth Fritzl, em cativeiro no porão de sua casa na cidade austríaca de Amstetten. Deste modo, conforme alguns relatos da época, o homem abusou e agrediu da jovem entre os anos de 1984 e 2008. A Elisabeth da vida real teve sete filhos, com três deles permanecendo no porão junto da mãe. Os outros filhos três foram criadas por Josef. Para sustentar aquela situação, ele afirmava que as crianças tinham sido abandonadas por sua família e que por isso estavam ali, com ele. Um deles morreu após o nascimento, provavelmente por negligência. Josef Fritzl acabou por ficar conhecido na Áustria como “O Monstro de Amstetten”.
Escrito por Isabel Peña e Ignacio Tatay, o elenco traz Elena Anaya, Pablo Molinero, Carlos Santos, Eva Llorach, Esther Acebo, Eloy Azorín, Eva Tennear, Mona Martínez e Sonia Almarcha.
Jaula está disponível na Netflix. O trailer pode ser visto aqui.