Martini Seco

Você que ainda pensa os brasileiros não sabem escrever um bom roteiro de suspense, um bom thriller policial, reveja seus conceitos pois “Martini Seco” de Fernando Sabino está aí para lhe provar o contrário.

Publicado originalmente em 1985, na coletânea de contos “A Faca de Dois Gumes” (Record), o conto “Martini Seco” foi republicado, desta vez em 1987, como um livro independente.

O conto “Martini Seco” integra o trio de thrillers policiais desenvolvido por Fernando Sabino no ano de 1985. A trilogia é composta também por “A Faca de Dois Gumes” e “O Outro Gume da Faca”. As três histórias foram lançadas como a obra conjunta citado anteriormente, entretanto mais tarde ganharam versões independentes. Das três histórias, “Martini Seco” foi a que obteve o maior sucesso entre o público e a crítica.

A obra começa através de sua introdução:

Na noite de 17 de novembro de 1962, ocorreu numa delegacia de polícia do Rio de Janeiro uma tragédia em misteriosas circunstâncias, jamais esclarecidas. O que se segue é uma reconstituição, o tanto quanto possível fiel, dos fatos que conduziram a esse terrível desfecho. Como poderá ter sobrevivido um testemunho do que se passou, é o novo mistério que ficará para sempre insolúvel. Tudo começou cinco anos antes, precisamente na mesma data, ou seja, no dia 17 de novembro de 1957.

A partir daí a história vai sendo construída:

Na delegacia carioca, o Comissário Serpa recebe a queixa de uma mulher, Maria Miraglia. A dona de casa disse ter descoberto um crime cometido pelo marido há cinco anos. Amadeu Miraglia, o esposo de Maria, teria envenenado sua antiga noiva em um bar. Assim que bebeu um Martini Seco (daí o nome da novela), a moça caiu morta no chão. Apesar de todos os indícios apontarem para Amadeu, ele foi inocentado pela Justiça por falta de provas. Maria descobriu o passado nebuloso do marido ao achar reportagens antigas do caso na residência do casal. A partir daí a esposa alega estar sendo perseguida pelo companheiro. Amadeu estaria tentando matá-la envenenada, assim como ele já tinha feito com a ex.

Mas quem será que cometeu crime? Será que o Martini estava envenenado? Houve realmente um crime? A história acompanha o Comissário Serpa que segue sua investigação:

Depois de ouvir a mulher, o Comissário Serpa encaminha a Sra. Miraglia para o escrivão, para a queixa crime ser registrada. Assim que Maria deixa a delegacia, Amadeu aparece por lá, surpreendendo a todos. O marido disse que a esposa está o ameaçando. Depois de ter descoberto a tragédia ocorrida com sua ex, a mulher estaria ameaçando se suicidar. Ao se envenenar, todos achariam que o culpado seria Amadeu. Assim, ela conseguiria colocá-lo atrás das grades, mesmo que para isso precisasse morrer.

Ficou curioso, né? Confesso que não dei muita importância logo de início, mas conforme fui lendo, devorei o livro em poucos minutos.

A história é realmente interessante e prende o leitor que, ávido por descobrir quem é o culpado pelo crime, acompanha o desenrolar da trama, que apesar de rica em detalhes, é extremamente curta, não chegando a 90 páginas.

Fernando Sabino nasceu em Belo Horizonte em 12 de outubro de 1923. Foi escritor, contista, cronista, colunista, professor, jornalista e empresário brasileiro. Nascido em Minas Gerais, começou a escrever contos na adolescência. Suas principais obras são O encontro marcado (1956) e O grande mentecapto (1979), e seu conto de maior repercussão é O Homem Nu. Morreu no Rio de Janeiro em 11 de outubro de 2004, por conta de um câncer de fígado.