O Agente Duplo

 Agente Duplo
(2020) on IMDb

A imagem do asilo por vezes me entristece. Não que eu tenha medo de um estar lá, mas por ser um lugar que, ao longo da história, teve sua forma, de certo modo deturpada. Talvez por se tratar de um lugar que traz histórias tristes e lamentos. Já tive a oportunidade de visitar diversos deles, inclusive atuando com ações que iam bem mais que apenas visitas. O que se via era, em grande parte, um depósito de humanos. Doloroso dizer isso, mas era essa a percepção que tínhamos ao ver tantos senhores e senhoras no fim de suas vidas ali, sem a devida atenção da família e da sociedade. Claro que sempre haverão exceções, creio que eu nem precise dizer isso. Existem inúmeras casas de repouso (só mais um nome pomposo e da moda para o tradicional asilo) que mais se parecem hotéis de luxo. Importante dizer que estes lugares contam com ‘habitações’ para todos os bolsos. Então, não é só pobre que vai para asilo. Rico também vai. A diferença aqui são as instalações e o cuidado.

O documentário chileno “O Agente Duplo” (The Mole Agent | El Agente Topo, no original), lançado em 2020, nos coloca a pensar sobre esta fase de nossas vidas que todos, de algum modo, desejam chegar (mesmo que, chegando lá, sejam abandonados). Com uma pegada envolvente, sensível e extremamente necessária, o longa nos brinda com momentos únicos de reflexão sobre situações que sequer nos damos conta quanto lidamos com idosos. Vale a pena ver.

O enredo nos apresenta Rómulo, um investigador particular, que foi contratado por uma cliente para investigar o estado de saúde de sua mãe, que vive em um asilo. Para cumprir a missão, ele contrata Sergio, um viúvo de 83 anos que deve entrar no asilo como agente infiltrado. Lá, Sergio luta para cumprir sua missão enquanto, inevitavelmente, começa a se envolver e se comover com a vida dos moradores daquele lugar.

Conforme a narrativa acontece, somos levados a interagir junto com o protagonista nessa trajetória diária de como vivem os idosos dentro da casa de repouso. O filme evidencia o que já era esperado inclusive: o todos eles tem mais em comum é a solidão. A história nos mostra a triste realidade da vida: o fim, a velhice. E mais, a obra destaca também que nada mais cruel do que sentir-se só e é importante ressaltar que isso nada tem nada a ver com companhia ou gente em volta.

Com direção e roteiro de Maite Alberdi, El Agente Topo traz Sergio Chamy, Rómulo Aitken, Marta Olivares, Berta Ureta, Zoila Gonzalez, Petronila Abarca e Rubira Olivares.

O filme tem um site oficial e pode ser acessado neste link.

Neste momento, o longa está disponível no serviço Globoplay. O trailer pode ser visto aqui.