O Gato Preto

O gato preto é, em muitas culturas e povos (em certos momentos históricos, diga-se de passagem), elemento místico e causador de estranheza. Curiosamente até nos dias de hoje é possível encontrar pessoas que acreditam em seus ‘poderes’. Além disso, o felino é associado a magia e ao mal agouro e azar. Deste modo, cruzar com um bichado preto na rua, é sinal de que algo irá acontecer (dizem os crédulos e supersticiosos).

O que se sabe, de fato, é que o conto “O Gato Preto” é, acima de tudo, bastante peculiar e, mesmo sendo bastante curto, traz à tona, a marca de Edgar Allan Poe, conhecido por suas obras de suspense e terror. Aliás, não é a primeira vez que Poe coloca o mundo animal como a peça central de sua obra. O Corvo é outro grande sucesso que também ganhou as telas de cinema como um grande sucesso.

O Gato Preto foi escrito originalmente em 1843 e traduzido para inúmeras línguas e países, além de ter se tornado até peça de teatro e ainda ganhando uma adaptação para o cinema. É, como muitas das obras de Poe, um conto de terror psicológico, no qual um homem é tomado por sentimentos demoníacos em relação a um gato e à própria esposa, beirando à loucura e com um final dramático e digno de aplauso.

A trama começa com todo bom suspense, colocando o leitor em uma condição de questionamento e dúvida sobre o que está por vir:

Não espero nem peço que acreditem nesta história sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica que vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa, tratando-se de um caso que os meus próprios sentidos se negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e, com toda a certeza, não sonho. Mas amanhã posso morrer e, por isso, gostaria, hoje, de aliviar o meu espírito. Meu propósito imediato é apresentar ao mundo, clara e sucintamente, mas sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Devido a suas conseqüências, tais acontecimentos me aterrorizaram, torturaram e destruíram. No entanto, não tentarei esclarecê-los. Em mim, quase não produziram outra coisa senão horror – mas, em muitas pessoas, talvez lhes pareçam menos terríveis que grotescos. Talvez, mais tarde, haja alguma inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum – uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que a minha, que perceba, nas circunstâncias a que me refiro com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais.

A partir daí a narrativa se desenrola com tendo como personagem principal, o dito gato preto. Dizer mais iria estragar a história que, como disse, é bem curta e bem direta ao ponto, sem muitos rodeios.

Edgar Allan Poe nasceu em Boston, nos Estados Unidos, em 1809. Ao longo de sua vida, tornou-se um dos autores mais consagrados de todos os tempos, além de poeta e editor. É considerado o primeiro grande escritor norte-americano de contos e ficção policial, além de mestre na arte de criar histórias de suspense e terror. ele faleceu em outubro de 1849, deixando obras como O corvo e Os assassinatos da Rua Morgue, entre tantas outras.