Lançado em 2022, o épico de ação “O Homem do Norte” (The Northman, no original) temos uma amostra de como é magnífica as tradições (e são diversas – entre elas a comida, a religião, os esportes, os heróis, aspectos familiares, as comunidades e o cotidiano de uma forma geral) dos povos no Norte da Europa. Aqui são apresentados deuses que para muitos são desconhecidos, rituais que aos nossos olhos causam estranheza e que podem ser entendidos como bárbaros e primitivos. É fato que, certas culturas foram, lentamente sendo apagadas, dando lugar a costumes globalizados com suas religiões monoteístas e de certo modo mais ‘certinhas’ e exemplares. Óbvio que, se formos comparar lado a lado, percebemos que a riqueza de detalhes está ligada aos povos locais. Isso, de fato, foi dizimado com a globalização e com a planificação / massificação da cultura.
O enredo, mesmo que rico em detalhes, é contado de uma forma bastante comum, sendo o método conhecido “a jornada do herói”. Creio que, para contar o que precisava ser contado, não teria como ser diferente. Esta dinâmica é bastante popular em histórias de que apresentam um personagem central – o protagonista – que é retirado (ou expulso) de onde ele vive, roda o mundo e retorna com sede de vingança. Sim, se você pensou em “O Rei Leão”, está certo, pois a narrativa é exatamente a mesma. Claro que muito da script é desenvolvido em cima dos detalhes ligados ao personagem central mas, no fim, a forma de contar as coisas é única. Não quero de forma alguma desmerecer a história do filme que, por sinal, é um belo exemplar que resgata raízes históricas esquecidas e, para muitos, sequer conhecidas. O rigor quanto a pesquisa história retratando os aspectos da época foi fundamental para a qualidade do longa. O trabalho teve a participação do Prof. Neil Price, uma das maiores autoridades contemporâneas do assunto e que inclusive conta com livro publicado em português sobre esta temática.
“O Homem do Norte” se passa no ano de 895 na congelante região escandinava, no norte da Europa. Conhecemos o príncipe Amleth (Oscar Novak) que está prestes a se tornar um homem quando seu tio Fjölnir (Claes Bang) assassina seu pai o Rei Aurvandill War-Raven (Ethan Hawke) e sequestra sua mãe, a rainha Gudrún (Nicole Kidman). Duas décadas depois, o jovem é agora um viking (Alexander Skarsgård) com a missão de salvar a mãe, matar o tio e vingar seu pai.
Repleto de estrelas, a produção estadunidense conta em elenco Alexander Skarsgård, Oscar Novak, Nicole Kidman, Claes Bang, Anya Taylor-Joy, Ethan Hawke, Gustav Lindh, Elliott Rose, Willem Dafoe, Björk, Olwen Fouéré, Ingvar Eggert, Ian Whyte, Hafþór Júlíus Björnsson e Murray McArthur. A direção é de Robert Eggers, que também atua no roteiro, junto com Sjón.
Contando com atriz que protagonizou “A Bruxa” e bem como o mesmo diretor, o que dizer da produção?! Um trabalho primoroso! A fotografia (com locações na Irlanda do Norte e Islândia) impressiona, aliada aos cenários naturais que já ajudam por si só. As boas atuações merecem destaque, assim como a participação da cantora islandesa Björk. O trailer pode ser conferido aqui.
Se vingança é um prato que se come frio, uma vingança nórdica então, este prato é puro gelo! Se você gosta de um bom filme épico com batalhas, rituais, sangue (muito sangue) e um romance de leve, pode ir sem medo. Rico em detalhes, “O Homem do Norte” apresenta bruxaria e brutalidade em seus estados mais puros! Por isso, fica o alerta: tire as crianças da sala.
Uma curiosidade que merece ser mencionada: a lenda do príncipe Amleth, personagem principal em “O Homem do Norte” remonta a textos datados do século 10. Foi esta mesma história que inspirou William Shakespeare a escrever o mundialmente conhecido “Hamlet”.