O Idiota

 Durak (2014) on IMDb
O ser humano é conhecido por sua consciência. Outro aspecto que nos difere das demais espécies é o discernimento, o saber de sua existência, da existência do outro e ações relacionadas, nos tornando assim, seres inteligente e inseridos em um processo evolutivo. Sentimentos e comportamentos como apresso, cuidado, atenção, zelo, passam a fazer parte de nós e de nossa vida junto aos outros. Mas será mesmo que todos nós temos tais “marcas” evolutivas? Somos seres que se importam com o semelhante? Sabemos que outros iguais a nós existem, mas nos importamos com isso? Se alguns deles simplesmente desaparecer, fará alguma diferença? Já parou para pensar nisso?

Escrito e dirigido por Yuri Bykov, o drama russo “O Idiota” (Дурак | Durak, no original) acaba por ser uma verdadeira lição de moral e de humanidade, em um cenário onde poucos se importam. A história mostra a trágica tentativa de como integridade e coragem de um único homem não têm o poder de consertar a corrupção dos governos e a indolência da sociedade para combatê-la.

Lançado em inglês, com o título “The Fool”, esta produção de 2014, fará você se questionar sobre o que faria, se estivesse na pele do protagonista. Muitos de nós, talvez nem se identificará, o que é uma pena. O trailer pode ser conferido aqui.

A história nos apresenta Dima Nikitin (Artyom Bystrov), um encanador simples e honesto que trabalha em uma pequena cidade russa. Exceto por sua integridade incomum, nada o faz se destacar da multidão. Certa noite, em um dormitório ocupado principalmente por bêbados e párias, os canos estouraram, colocando em perigo os ocupantes. Sem recursos e munido apenas de sua coragem e determinação, Dima decide enfrentar o sistema corrupto da política local a fim de salvar a vida dos 800 habitantes do local, uma vez que ele constatou que o prédio está prestes a desabar.

Uma frase que é mencionada pelo protagonista, enfatiza o olhar angustiante do filme: “Vivemos como animais e morremos como animais porque não somos ninguém uns para os outros”.

Na wikipedia [em inglês], encontramos um trecho que esclarece em poucas palavras a profundidade do filme:

O filme abrange muitos aspectos negativos da vida na Rússia. Há várias cenas comoventes, desde famílias brigando violentamente por dinheiro até uma esposa bêbada no chão sendo deixada pelo marido para ver outra mulher. Raramente há interações de coração mole entre os personagens. A esperança e a determinação de Dimas contra os burocratas pretensiosos e complacentes não se opõem aos seus egos astutos. Dima é considerado “o tolo” com suas esperanças de lutar contra a corrupção da sociedade russa. Seu bom coração não pode lutar contra a ganância dos outros e a indiferença de melhorar a comunidade. Dima, ao seguir seu próprio caminho e se afastar da passividade típica de seus concidadãos, mostra o lado solitário do heroísmo. Além disso, o filme não o recompensa por seu alto caráter e, em vez disso, enfatiza o verdadeiro impacto de uma sociedade amoral. O esforço sutil de retratar o altruísmo em tolice no filme acompanha seu esforço para destacar a má situação de vida da Rússia, incutindo uma série de emoções, da esperança à empatia, no espectador.

O elenco traz Artyom Bystrov, Boris Nevzorov, Natalya Surkova, Kirill Polukhin, Yuri Tsurilo, Darya Moroz, Irina Nizina, Alexander Korshunov, Maxim Pinsker, Sergei Artsibashev, Olga Samoshina, Yelena Panova, Ilya Isaev, Dmitry Kulitchkov e Pyotr Barancheev.