O Patrão: Radiografia de um Crime

Até que ponto é possível assediar um funcionário? Qual o limite que separa a relação empregador e empregado? Será que vale tudo quando se está em busca de trabalho para sobreviver? O longa “O Patrão: Radiografia de um Crime” (El Patrón, Radiografia De Un Crimen, no original) foi lançado em 2014 e  apresenta a fria e crua (por assim dizer) relação entre patrão e funcionário, em um ambiente inóspito e bastante peculiar: um açougue. Neste cenário, são apresentados os mais diversos tipos de situações que envolvem desde o desrespeito para com o ser humano e irregularidades do trabalho que são impostas ao funcionário que, acuado, as acata, respeitando e servindo assim “o patrão”.

Baseado no livro homônimo do criminólogo Elías Neuman, o longa argentino narra uma história real sobre um brutal crime que chocou a população portenha na década de 80.

A trama nos apresenta o advogado Marcelo (Guilhermo Pfening) que é convidado a aceitar trabalhar em um caso de assassinato. O crime em questão foi cometido por Hermógenes (Joaquim Furriel), um homem simples e analfabeto que veio de Santiago Del Estero, juntamente com sua esposa Gladys (Andrea Garrote) buscando uma vida melhor em Buenos Aires, capital argentina. Infelizmente, devido à falta de estudos, o casal é obrigado a trabalhar em péssimas condições, análogas à escravidão. Sendo presas fáceis, rapidamente acabam caindo nas garras de Don Latuada (Luis Ziembrowski), proprietário de uma rede de açougues com oito estabelecimentos em Buenos Aires. A pedido de Don Latuada, Nora aceita trabalhar de faxineira na casa do patrão (sem nada receber), enquanto Hermógenes se especializa na gestão de um dos açougues do seu novo patrão. O cotidiano de intensos insultos e humilhação se agrava e um certo dia, o pacífico Hermógenes desfere várias facadas em Latuada, que morre em frente ao açougue. Agora Marcelo terá a difícil tarefa de mostrar que Hermógenes não é um assassino cruel e calculista.

Repleto de analogias, simbolismos e questionamentos, o roteiro nos traz inúmeras reflexões sobre o real papel do ser humano nas relações de trabalho e emprego. Na história, o casal literalmente paga para trabalhar e para viver. Seja com o trabalho, com o seu corpo, com a sua carne, ou ainda com seu sangue. A trama revela um homem sofrido e calejado (que pode ser considerado mais uma vítima do que um criminoso), oprimido pelas injustiças e desigualdades de um sistema capitalista e perverso, aliado a um sistema judicial que quer, a todo custo condená-lo, a prisão perpétua, classificando o assassinato como qualificado, devido a brutalidade do ocorrido.

O elenco é formado por Guillermo Pfening, Germán de Silva, Joaquín Furriel, Andrea Garrote, Gabriel Fernandez, Daniel Rodolfo Sanillo, Laura Natalia Lebendisky, Ema Haydee Fernández Lima, Luis Ziembrowski, Odón Morán López, Mariana Gentile, Victoria Raposo, Joaquina García de Quiros, Mónica Lairana e Delia Spinola. O longa é uma produção Argentina / Venezuela.

Com a direção de Sebastián Schindel, roteiro de Nicolás Batlle, Javier Olivera e Sebastián Schindel, O Patrão: Radiografia de um Crime está disponível na Netflix. O trailer pode ser conferido aqui.