Enquanto assistia o filme “O Poço” (El Hoyo, no original), suspense espanhol lançado em 2019 na plataforma Netflix, ficava pensando sobre uma possível e eventual barbárie a ocorrer em nossa sociedade, em tempos de Cononavírus [COVID-19]. Pensava eu: até onde o ser humano seria capaz de ir e o que estaria disposto a fazer, quando o assunto se trata de sobrevivência, e neste caso, falta de comida mesmo?
“Existem três tipos de pessoas. As de cima, as de baixo e as que caem”. Esta frase proferida no decorrer do filme, apresenta um vislumbre das possibilidades de uma sociedade dividida em níveis. Será que seria muito diferente do que já vivemos, em uma certa medida? Lamentavelmente identifiquei muitas coisas em comum com o que já vivemos.
Quanto à história do filme, ela se passa no futuro, em uma época distópica, em que existe uma prisão vertical, chamada de O Poço, e que mantém duas pessoas em cada andar. A comida é distribuída de cima para baixo. Sendo assim, quem está nos andares superiores come melhor e quem está embaixo precisa lutar desesperadamente pela sobrevivência. Então, o que ocorre se a comida não chegar nos andares de baixo? Bem, use sua imaginação. Ficou curioso, né?! O trailer pode ser visto aqui.
Questões diversas (e de formas metafóricas) nos fazem pensar. Veja o exemplo: Em uma cena, onde o protagonista Goreng faz uma proposta humanitária, alguém diz: “você é comunista?”. Diante dessa premissa, fica evidente que a hierarquia da desigualdade social é alimentada pelo individualismo e egoísmo das pessoas, fatores estes essenciais para manutenção de muitos regimes de governo.
A direção do longa fica a cargo de Galder Gaztelu-Urrutia, com roteiro de David Desola e Pedro Rivero, produção de Ángeles Hernández e Carlos Juarez, e no elenco estão Ivan Massagué, Zorion Egileor, Antonia San Juan, Emilio Buale, Alexandra Masangkay, entre outros. O filme foi premiado no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2019 (onde ganhou o People’s Choice Award), nos Prêmios Goya Awards e foi eleito o melhor filme no Festival de Sitges.
Algumas outros trechos que nos fazem refletir:
“Às vezes é bem fácil. Às vezes, bem difícil. Depende do seu nível.”
“A sociedade é moldada por aqueles que só pensam em si mesmo.”
“A educação vem primeiro. Convencer antes de vencer.”
“Se todos comessem apenas o que precisam, a comida chegaria ao nível mais baixo.”
“A fome liberta a loucura em nós.”
“As mudanças nunca acontecem de forma espontânea.”