Você já se perguntou sobre o que faz a sua vida valer realmente a pena? Pois é, a resposta para esta pergunta foi colocada no papel pela renomada antropóloga e escritora francesa Françoise Héritier, transformando isso em um livro que tem como objetivo inspirar pessoas. A proposta da autora é que cada pessoa que ler “O Sal da Vida” possa responder a pergunta que acompanha o título do livro com algo mais detalhado que trabalho, família, amigos ou um hobby qualquer.
O livro se destaca por trazer uma leitura leve, simples, rápida, conduzindo o leitor à se lembrar do que realmente vale a pena na vida. Repleto de pequenos ensinamentos e dicas, o leitor é levado pela mão para que contemple tudo de bom que lhe rodeia e as coisas que, de fato, lhe são importantes. Inspirador como era de se esperar, mas ao mesmo tempo superficial no que se refere a questões complexas, o livro é destinado a todos que, de alguma forma, se esqueceram de como o dom da vida é importante. Ele busca responder basicamente o que o título já sugere: O que faz a vida valer a pena. Mas, acredite: não espere encontrar uma fórmula milagrosa, pois ela não estará no livro.
A sinopse oficial traz:
Existe uma forma de leveza e de graça no simples fato de existir, que vai além das ocupações, além dos sentimentos poderosos e dos engajamentos políticos. É sobre isso que este livro fala. Sobre esse pequeno plus que nos é dado a todos: “O Sal da Vida”. Nesta meditação, nesta espécie de poema em prosa em homenagem à vida, totalmente íntimo e sensorial, a renomada antropóloga Françoise Héritier vai atrás das pequenas coisas agradáveis (às vezes nem tanto) às quais aspira o mais profundo do nosso ser: as imagens e as emoções, os momentos marcados de recordações que dão sabor à vida, que a tornam mais rica e mais interessante do que muitas vezes acreditamos que ela seja, e que nada nem ninguém poderá nos tirar, nunca, jamais!A autora nos faz um interessante questionamento ao destacar:
Se nos basearmos na expectativa de vida, aqui na França, em média de 85 anos, ou seja, 31.025 dias, com, sempre em média e por alto, 8 horas de sono diário; 3h30 para as compras, o preparo das refeições, para comê-las, lavar a louça etc.; 1h30 para a higiene, os cuidados com o corpo, os tratamentos de saúde etc.; 3 horas para os serviços domésticos, cuidar das crianças, no transporte, as diversas providências a serem tomadas, os pormenores etc.; 140 horas de trabalho por mês em 45 anos, à razão de 6 horas por dia (sem levar em conta o prazer que possamos ter com ele); 1 hora por dia de compromissos sociais obrigatórios, conversas com os vizinhos, happy hours, congressos, seminários etc.; o que sobra ao cidadão comum, homem ou mulher, para as atividades que constituem o sal da vida?
Ao tentar explicar o propósito do livro, a autora esclarece:
Aqui não se encontrará, ou talvez raramente, aberturas sobre a minha vida privada. Tampouco sobre os prazeres da vida intelectual, da pesquisa, da escrita, prazeres estes, no entanto, intensos. Igualmente, nada direi sobre amores, que tiveram o seu lugar na minha vida, como ocupam, suponho, um lugar todo especial na vida dos leitores. Essa não é a minha proposta. Qual será ela, então? Existe, sim, uma forma de leveza e de graça no simples fato de existir, que vai além das ocupações profissionais, além dos sentimentos poderosos, além dos engajamentos políticos e de todos os gêneros, e foi unicamente sobre isso que eu quis falar. Sobre esse pequeno plus que nos é dado a todos: o sal da vida.
Uma bela frase encontrada no livro e que reproduzo a seguir resume bem o teor da obra:
O mundo existe por meio dos nossos sentidos, antes de existir de maneira ordenada no nosso pensamento, e temos de fazer de tudo para conservar, ao longo da vida, essa faculdade criadora dos sentidos: ver, ouvir, observar, entender, tocar, admirar, acariciar, sentir, cheirar, saborear, ter gosto por tudo, por todos, pelo próximo, enfim, pela vida.
O livro foi publicado, entre outros países, na Alemanha, Inglaterra, Japão, Portugal, Espanha, Itália (onde, assim como na França, se tornou um best-seller). Originalmente lançado em 2012, tive contato com a 5ª edição em português, datada de 2013, sob o selo da Editora Valentina.
Françoise Héritier (1933-2017) foi uma antropóloga e etnóloga, autora, entre outras obras, de Deux soeurs et leur mère e de Masculin/Féminin, tendo sido professora honorária do Collège de France, onde dirigiu o Laboratório de Antropologia Social (criando a cátedra de Estudos Comparados das Sociedades Africanas) e sucedeu Claude Lévi-Strauss (a pedido do próprio). Foi diretora da École des Hautes Études em Ciências Sociais e presidente do Conselho Nacional de combate à AIDS.