Quick

 Quick (2019) on IMDb
Quem acha que escândalos em sistemas legais (lembrando que me refiro ‘legal’ no sentido de legalidade e não de algo engraçado) só acontecem deste lado do Atlântico está redondamente enganado. Sim, eles também acontecem em países nórdicos! E porque o espanto? Simples! Estamos tão acostumados a receber só boas notícias vindas das terras escandinavas que, quando se é relatado algo do gênero por aqueles lados, soa até estranho para nós. Eu sei, eu sei, não devíamos pensar assim, afinal problemas ocorrem em todos os lugares e nenhum país ou povo está isento. Dito isso, não se engane: erros e equívocos legais também acontecem por aquelas bandas. Confesso que eu sou um daqueles que, quando vê uma manchete citando a Noruega, Dinamarca, Finlândia, Islândia ou Suécia seguida com a palavra ‘escândalo’ e ‘judicial’, já torço o nariz e faço aquela comparação tosca: “até imagino qual o escândalo… Será que é pelo menos menos a unha do pé de algo noticiado por aqui”?

Claro que peco profundamente ao pensar assim, uma vez que, como dito anteriormente, tais países podem sim estar propensos a ter crimes como os praticados por aqui. A diferença talvez seja a cultura ou a idade de tais nações. Note que, a Escandinávia tem seus próprios ‘deuses’ (sim, deuses que, de tão populares se tornaram personagens, de certa forma cultuados por crianças e jovens da atual cultura pop – vide Marvel com Odin, Thor e Loki). Digo isso pra salientar o sinônimo de excelência que tal região carrega em seu DNA, com crenças e divindades que datam de três mil anos a.C.

Pode até parecer que estou sendo cético demais ao elevar tal região a um status que talvez outros países talvez não teriam. Sim, posso até estar de forma evidente fazendo isso, mas não é novidade que os países citados hoje contam com os mais baixos índices de violência de todo o mundo, seguidos com o maior IDH de todo o globo, sem falar de outras estatísticas igualmente relevantes, como qualidade de vida, estabilidade financeira, inovação tecnológica, entre outros. A questão aqui, porém, é mostrar que, mesmo com tanta pompa, a região abrigou a poucos anos atrás, um escândalo digno de nota e que é narrado com maestria em “Quick”, lançado em 2019. O nome que, traduzido ao pé da letra significa “rápido”, já figurou no Brasil até como nome de achocolatado – erroneamente escrito como Quik. No Brasil, este angustiante drama (com algumas pitadas de suspense) recebe o nome de “Em Busca da Verdade”. O público perceberá como que a história narrada pode ser uma verdadeira montanha-russa expondo aquele que pode ser considerado o maior escândalo legal da Suécia.

Sob a direção de Mikael Håfström, a trama de Quick traz a história sobre dois incansáveis jornalistas que dão tudo de si na busca pela verdade, um sistema legal decadente e um criminoso que assume a culpa por diversos crimes cometidos por ele. Um emocionante thriller jornalístico baseado na cativante e verdadeira história por trás de um dos maiores escândalos legais da Suécia, o caso de Thomas Quick. O roteiro é inspirado no livro de Hannes Råstam, ‘The Case of Thomas Quick: Criando um serial killer’. O trailer pode ser visto aqui.

O longa conta a história dos jornalistas Hannes Råstam (Jonas Karlsson) e Jenny Küttim (Alba August), que sozinhos decidem assumir as mentiras que derrubaram Thomas Quick (David Dencik). Obcecados em encontrar a verdade, eles decidem ir ao fundo do complicado processo e, quanto mais cavam, maior a mentira se torna. Hannes e Jenny estão dispostos a expor o caos legal que deu a Quick uma vida em uma prisão psiquiátrica.

O longa, que também pode ser descrito como um thriller jornalístico, traz aspectos biográficos que tornam a trama ainda mais rica. Quick é uma produção Suécia / Bélgica.

O elenco traz Jonas Karlsson, David Dencik, Alba August, Magnus Roosmann, Suzanne Reuter, Linda Ulvaeus, Tova Magnusson, Dag Malmberg, Peter Andersson, Björn Bengtsson, Christopher Wagelin, Johan Hedenberg, Johan Gry, Jimmy Lindström, Anders Mossling, Anne Kjellgren, Niklas Jarneheim, Timo Nieminen, Lotta Nilsson, Selma Glasell, Mikael Nord Andersson, Olle Nyberg e Josephine Bauer.