Depois do hipe em torno do seu lançamento e nas semanas que se seguiram, resolvi assistir e constatar o que eu meio que já previa: uma série que apela para imagens e cenas chocantes para nos fazer refletir sobre temas mais profundos, como hierarquia social, segregação, o papel do capitalismo e do dinheiro nas nossas relações (inclusive de consumo). A ganância, o prazer, a luxúria, a permissividade e tantos outros conceitos são tratados ali de forma nua e crua, sem muito blablablá. A forma visual e, consequentemente, exacerbada salta aos olhos e, talvez por isso, choca. A falta de dinheiro e recursos para sobreviver, mesmo em uma Coréia que é apresentada ao mundo como sinônimo de modernidade e tecnologia, choca igualmente. Aliás, este é o princípio básico e critério em que se baseia a série e o motivo pelo qual os ‘candidatos’ a participar do “game”: o nível de endividamento.
Lançada em 2021, a série sul-coreana original da Netflix se tornou rapidamente um sucesso entre os assinantes da serviço. De fato, a série se tornou o primeiro drama coreano a chegar ao top 10 de programas de TV semanais mais assistidos da Netflix em todo o mundo, tendo alcançado o número 1 em 90 países, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido. Curiosamente, a série segue os mesmos passos de outro sucesso sul-coreano, Parasita, que explora a escalada e ascensão social e econômica por diversos olhares, além é claro, das consequências de tal ação.
Esclarecendo o enredo da série, de uma forma bastante bastante simples, conta a história de 456 pessoas que são convidadas a arriscar suas vidas em um misterioso jogo de sobrevivência do tipo Battle Royale, composto por seis brincadeiras infantis, que disputam um prêmio de ₩45,6 bilhões, o equivalente a US$ 38,7 milhões. Todos os escolhidos estão falidos e com problemas financeiros. A participação neste estanho jogo pode tornar um dos jogadores em um milionário. Mas não será fácil conquistar o tão almejado prêmio.
Uma curiosidade (e esta é brasileira): A Câmara de Vereadores de Içara, no estado de Santa Catarina, apresentou um requerimento à Netflix pedindo a retirada da série sul-coreana Squid Game do catálogo do streaming. A justificativa dos parlamentares é de que a violência mostrada no seriado causa “impacto negativo nas crianças e adolescentes em idade escolar”. O autor do requerimento é o vereador Edson Freitas, do MDB. “O conteúdo da série contém violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos e cenas de sexo, utiliza-se de brincadeiras simples de crianças (…) para assassinar a ‘sangue frio’ as pessoas que não atingem o objetivo final”, diz o texto. Segundo o vereador, o conteúdo da série preocupa a saúde mental das crianças, já que “mistura brincadeira de crianças com crimes bárbaros”. A câmara municipal confirma o envio do documento, mas não informa se houve resposta por parte da Netflix.
Com direção e roteiro de Hwang Dong-hyuk, o elenco traz Lee Jung-jae, Park Hae-soo, Wi Ha-joon, HoYeon Jung, Oh Yeong-su, Heo Sung-tae, Anupam Tripathi, Kim Joo-ryoung, Yoo Sung-joo, Lee Yoo-mi, Kim Si-hyun, Lee Sang-hee, Kim Yun-tae, Lee Ji-ha, Kwak Ja-hyoung, Gong Yoo, Lee Byung-hun e Chris Chan.
Round 6 está disponível na Netflix. O trailer pode ser conferido aqui.