Como de costume, venho lendo os volumes da Coleção 90 minutos, escrita por Paul Strathern. Esta série que conta com inúmeros volumes, traz breves resumos sobre as grandes personalidades da filosofia, ciência, entre outras importantes áreas do conhecimento humano. Trazendo uma leitura leve, bem desenhada e com fatos importantes, Strathern consegue, através de textos curtos e diretos, nos fazer refletir sobre a vida e o pensamento destas importantes mentes. A leitura da vez foi o livro “Schopenhauer Em 90 Minutos”.
Schopenhauer ficou conhecido como o “filósofo do pessimismo”. No entanto, era pessimista somente por declarar que o mundo é indiferente ao nosso destino – não é de propósito que ele nos frustra. Outros grandes filósofos dão a impressão de se portar da melhor maneira possível. Tudo é muito sério e digno, enquanto Schopenhauer acreditava que o mundo e a vida não passavam de uma piada de mau gosto.
Como o autor destaca, o apelo deste filósofo alemão ao temperamento criativo continua até hoje — inspirando quase tantas respostas quanto criadores. Personalidades tão diversas como Thomas Mann, James Joyce, Samuel Beckett e Thomas Bernhard encontraram uma referência em Schopenhauer e em sua visão pessimista.
Paul Strathern é categórico em dizer que Schopenhauer não atraiu seguidores, mas sim discípulos — tal o impacto de seu enfoque filosófico totalmente novo no tranqüilo mundo intelectual da Alemanha do século XIX. Nem todos esses discípulos, no entanto, eram bajuladores fáceis de conduzir — entre eles encontravam-se alguns dos melhores cérebros da geração seguinte.
Arthur Schopenhauer nasceu em 22 de fevereiro de 1788 na cidade báltica de Danzig (hoje a cidade polonesa de Gdansk). Morreu em Frankfurt em 21 de setembro de 1860. Schopenhauer é mais conhecido pela sua obra principal “O Mundo como Vontade e Representação” (de 1819), em que ele caracteriza o mundo fenomenal como o produto de uma cega, insaciável e maligna vontade metafísica. A partir do idealismo transcendental de Immanuel Kant, Arthur Schopenhauer desenvolveu um sistema metafísico ateu e ético que tem sido descrito como uma manifestação exemplar de pessimismo filosófico. Ele também foi o filósofo responsável por introduzir o pensamento indiano e alguns dos conceitos budistas na metafísica alemã.
Schopenhauer acreditava no amor como meta na vida, mas não acreditava que ele tivesse algo a ver com a felicidade.
Algumas de suas citações interessantes encontradas no livro:
A coisa em si refere-se àquilo que existe independentemente de nossa percepção sensorial. Em outras palavras, é aquilo que realmente e verdadeiramente é. Demócrito deu a isso o nome de matéria; afinal, assim o fez também Locke; para Kant era um x; e para mim é a vontade.
Apenas em um ponto tenho acesso a outro mundo que não seja o da representação. Esse ponto está dentro de mim. Quando percebo meu corpo, isso é representação Mas também estou consciente dos anseios que dão origem a essa representação: isso é a vontade. Apenas dentro de mim tenho de fato esse duplo conhecimento de vontade e representação.
Ainda mais absurda é a teoria de que o Estado é a condição da liberdade moral e, dessa forma, a condição da moralidade. A liberdade reside além dos fenômenos e, na realidade, além das disposições humanas. Conforme vimos, o Estado dificilmente é dirigido contra o egoísmo em geral. Ao contrário, ele surgiu através do egoísmo e existe apenas para favorecê-lo. Esse egoísmo sabe muito bem onde reside seu interesse máximo. Ele procede metodicamente, renunciando ao limitado ponto de vista individual em favor do ponto de vista universal, tornando- se, dessa forma, o egoísmo comum a todos. O Estado é, portanto, criado na suposição de que seus cidadãos não se comportarão de acordo com a moral — ou seja, não escolherão agir de modo correto por razões morais (isto é, para o bem de todos). Pois, em primeiro lugar, se esse fosse o caso, não haveria necessidade do Estado. Assim, o Estado, que pretende promover o bem-estar de todos os cidadãos, de modo algum é orientado contra o egoísmo em geral. É orientado apenas contra a multiplicidade de egoísmos particulares e seu efeito deletério sobre o egoísmo coletivo, que deseja o bem-estar comum.
O dinheiro é teoricamente a felicidade do homem; qualquer um que não seja mais capaz de ser verdadeiramente feliz anseia por dinheiro.
Tudo isso significa que a vida pode ser considerada um sonho e a morte o despertar desse sonho. Caso em que a personalidade individual pertence ao sonho e não ao estado de vigília. Em seguida, a morte se mostra à personalidade individual como um aniquilamento. Por outro lado, se consideramos a vida um sonho, a morte deixa de ser uma transição para algo estranho ou novo, tornando-se meramente um retorno a nosso estado original, onde a vida é vista apenas como um breve episódio.
Quando a vontade substitui o conhecimento, o resultado é a obstinação.
Se quiser saber quais são os seus verdadeiros sentimentos em relação a alguém, observe a imediata impressão causada em você pela chegada de uma carta inesperada dele (ou dela).