Sob certos aspectos, beirando ao claustrofóbico, eu diria que muito do que o filme tenta passar, se passa em uma atmosfera sufocante de dependência emocional (e quase tóxica), do seio familiar. Um pai super protetor, um irmão altamente dependente emocionalmente e um entorno opressor, faz com que a convivência e o amadurecimento da jovem ocorra de maneira bastante peculiar. Óbvio que vale ressaltar o tipo de sociedade em que os personagens estão inseridos. Tal dinâmica até ser o modelo vigente daquela localidade, mas vale acompanhar para que criemos um senso crítico do que é, do que deve e do que não deve ser reproduzido. Os segredos do mundo, a noção de liberdade e os aspectos consequentes disso estão sob análise. O longa que, em tradução livre teria o título de “Abrindo os Punhos”, certamente faz jus a este nome.
O enredo retrata a história da jovem Ada (Milana Aguzarova) e seu convívio familiar e cotidiano. Ada é a segunda filha de três, mora em Mizur, uma cidade desolada na República da Ossetia-Alania do Norte. Ela é mantida a sete chaves pelo seu pai Zaur (Alik Karaev), um homem solteiro e bem-intencionado, mas que vive amendontrado depois de um cerco na cidade vizinha de Beslan em 2004, onde mais de 1.100 cidadãos foram feitos reféns por terroristas chechenos que exigiam a retirada da Rússia da Chechênia e mais de 330 reféns foram mortos – mais da metade deles crianças. Ada, que é uma sobrevivente que ainda carrega as cicatrizes psicológicas e físicas do ataque, quer escapar disso tudo, seja se casando com o perdedor local Tamik (Arsen Khetagurov), ou na garupa da motocicleta de seu irmão Akim. As dores provenientes dos traumas do passado, somado a efervescência e descobrimento da vida adulta trarão a Ada um novo olhar sob o mundo a sua volta.
O elenco traz Milana Aguzarova, Alik Karaev, Soslan Khugaev, Khetag Bibilov, Arsen Khetagurov e Milana Pagieva.
Atualmente, o longa está disponível no serviço de Streming MUBI. O trailer pode ser visto aqui.